Prévia da inflação fica em 0,06% em junho, menor taxa para o mês em 13 anos, aponta IBGE
Queda no preço de alimentos e combustíveis ajudou a desacelerar o indicador. No ano, IPCA-15 acumula alta de 2,33%; em 12 meses já chega a 3,84%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, perdeu força em junho e ficou em 0,06%, depois de registrar 0,35% em maio, informou nesta terça-feira (25) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o órgão, é a menor taxa para o mês desde junho de 2006, quando ficou em -0,15%.
Segundo o IBGE, quedas nos preços de alimentos e combustíveis – que têm os maiores pesos na composição do índice – ajudaram a inflação a perder força na passagem de maio para junho. O grupo Alimentação e bebidas, que havia ficado estável em maio, teve deflação (-0,64%) em junho. Já os combustíveis (que fazem parte do grupo transportes) tiveram queda de 0,67%, depois de subirem 3,3% no mês anterior.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, somente o de alimentação e bebidas teve deflação no mês. Mas apenas três grupos tiveram taxas maiores em junho que em maio: artigos de residência (de -0,63% em maio para 0,01 em junho), educação (de 0 em maio para 0,09% em junho) e comunicação (de -0,04% em maio para 0 em junho).
Veja as variações dos 9 grupos pesquisados:
Alimentação e bebidas: -0,64%
Habitação: 0,52%
Artigos de residência: 0,01%
Vestuário: 0,09%
Transportes: 0,25%
Saúde e cuidados pessoais: 0,58%
Despesas pessoais: 0,11%
Educação: 0,09%
Comunicação: 0
Variação mensal do IPCA-15
Em %
1,111,11
0,640,64
0,130,13
0,090,09
0,580,58
0,190,19
-0,16-0,16
0,30,3
0,340,34
0,540,54
0,720,72
0,350,35
0,060,06
Jun/18
Jul/18
Ago/18
Set/18
Out/18
Nov/18
Dez/18
Jan/19
Fev/19
Mar/19
Abri/19
Mai/19
Jun/19
-0,25
0
0,25
0,5
0,75
1
1,25
Fonte: IBGE
Alimentos em queda
Segundo o IBGE, a safra agrícola fez com que os preços de alguns produtos importantes na mesa do brasileiro tivessem queda significativa em junho. Os principais destaques foram o feijão-carioca (-14,99%), tomate (-13,43%), feijão-mulatinho (-11,48%), batata-inglesa (-11,30%), feijão-preto (-8,84%) e frutas (-5,25%).
O instituto destacou que a alimentação fora do domicílio também teve recou em junho. O IPCA-15 para este grupamento desacelerou de 0,48% em maio para 0,33% em junho.
Alívio nos transportes
O grupo dos Transportes desacelerou de 0,65%, em maio, para 0,25% em junho, contribuindo, juntamente com os alimentos, a desacelerar a inflação no período. Segundo o IBGE, esse queda nos transportes foi puxada pelos combustíveis.
A gasolina apresentou alta de 0,10% em junho ante uma alta de 3,29% no IPCA-15 de maio. Já o etanol, que teve alta de 4% no mês anterior, caiu 4,57% em junho.
Variação mensal do IPCA-15
Em %
1,111,110,640,640,130,130,090,090,580,580,190,19-0,16-0,160,30,30,340,340,540,540,720,720,350,350,060,06Jun/18Jul/18Ago/18Set/18Out/18Nov/18Dez/18Jan/19Fev/19Mar/19Abri/19Mai/19Jun/19
Passagem aérea freia queda
Com alta de 18,98%, as passagens aéreas exerceram impacto de 0,06 ponto percentual sobre o indicador mensal. Conforme destacou o IBGE, foi o maior impacto positivo na prévia da inflação de junho, ou seja, responsável por pressionar o indicador, impedindo uma desaceleração maior.
No ano, os preços das passagens aéreas acumulam uma queda de 15,32%. Em 12 meses, porém, acumulam uma alta de 52,30%.
Índices regionais
Das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE para compôr o IPCA-15, cinco apresentaram deflação na passagem de maio para junho. A mais intensa foi observada em Porto Alegre, com recuou de 0,21% puxado pelo preço de frutas, que tiveram queda de 12,71%, e da gasolina, que recuou 2,64%. A maior alta foi registrada em Brasília (0,30%), influenciada pela alta nos preços das passagens aéreas.
Veja o indicador de de junho para cada uma das regiões pesquisadas:
Brasília: 0,30%
Fortaleza: 0,28%
São Paulo: 0,16%
Belo Horizonte: 0,10%
Curitiba: 0,04%
Salvador: 0,03%
Rio de Janeiro: -0,01%
Goiânia: -0,02%
Recife: -0,03%
Belém: -0,11%
Porto Alegre: -0,21%
Perspectivas e meta de inflação
A meta central de inflação deste ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância do sistema de metas varia de 2,75% a 5,75%. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está estacionada desde março do ano passado na mínima histórica de 6,5%.
Os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação abaixo do centro da meta do governo e, nesta semana, reduziram de 3,84% para 3,82% a expectativa de inflação para o ano, conforme mostrou o último Boletim Focus. Para 2020, eles mantiveram a expectativa em 4%.
Metodologia
Para o cálculo do IPCA-15, foram coletados preços no período entre 16 de maio e 12 de junho, e comparados com aqueles vigentes entre 13 de abril e 15 de maio. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, considerado a inflação oficial do país. A diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.
Por Daniel Silveira, G1 — Rio de Janeiro
25/06/2019 09h00 Atualizado há 2 horas