O Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira, a ocorrência de duas mortes por febre oropouche no Brasil, além da investigação de uma terceira. Segundo a pasta, “até o momento, não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbito pela doença”.
A febre oropouche é uma infecção causada pelo vírus OROV, que é transmitido por mosquitos e se manifesta de forma semelhante à dengue. Neste ano, o país já registrou 7.236 casos, uma alta de 766,6% em relação ao acumulado de 2023.
Os dois óbitos já haviam sido divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde da Bahia (SES-BA), mas ainda eram considerados suspeitos pela pasta federal. As vítimas eram duas mulheres, de 21 e 24 anos, que não eram gestantes e não tinham comorbidades. A primeira morava na cidade de Valença e morreu em 27 de março. Já a segunda residia em Camamu, mas faleceu no dia 10 de maio em Itabuna.
“Os óbitos apresentaram sintomas como: febre, cefaleia, dor retroorbital, mialgia, náuseas, vômitos, diarreia, dores em membros inferiores, astenia. Evoluíram com sinais mais graves como: manchas vermelhas e roxas pelo corpo, sangramento nasal, gengival e vaginal, sonolência e vômito com hipotensão, sangramento grave, apresentando queda abrupta de hemoglobina e plaquetas”, disse a SES-BA em nota.
O Ministério da Saúde investiga ainda um terceiro óbito, registrado no Paraná, mas cuja transmissão ocorreu em Santa Catarina. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (SES-PR), que conduz a análise junto à pasta, a vítima era um homem de 59 anos residente do município de Apucarana.
Em nota, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde (Dive) de Santa Catarina diz que apoia a investigação, que o registro ocorreu em abril e que "foi estabelecido que o local provável da transmissão foi em Santa Catarina, uma vez que o paciente teve registro de viagem ao Estado”.
Havia ainda uma quarta morte suspeita, no Maranhão, mas que foi descartada pelo Ministério da Saúde. Em nota, a pasta diz que “mantém monitoramento de casos e possíveis óbitos por oropouche por meio da Sala Nacional de Arboviroses, com diálogo constante com as secretarias estaduais e municipais de saúde”.
“O acompanhamento tem sido realizado também por meio de visitas técnicas, investigação in loco, busca ativa e pesquisa vetorial em apoio a resposta local dos estados e municípios”, continua.
O que é a febre oropouche?
A febre oropouche é uma infecção causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense, transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, na região amazônica.
Nos locais silvestres, outros insetos que podem disseminar o patógeno são o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus. Já em áreas urbanas, onde a circulação do vírus é menos comum, o mosquito Culex quinquefasciatus também atua como um vetor.
Assim como a dengue, que bateu o recorde da série histórica de casos e mortes em 2024, a febre oropouche também vive uma alta neste ano no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, foram confirmados 7.236 casos, o que já representa uma subida de 766,6% em relação ao acumulado de todo o ano de 2023, quando foram 835.
Ainda de acordo com números da pasta, até o fim de junho a faixa etária de 20 a 49 anos concentrava 60,1% dos casos. A maioria dos registros teve como local provável de infecção municípios do Norte, e a região amazônica, considerada endêmica, respondia por 78,4% das infecções. Fora da região, casos de transmissão local foram registrados na BA, ES, SC, MG, RJ, PI, MT, PE e MA.
Além da disseminação da doença pelo país, que já havia sido alertada pelo ministério em outras ocasiões, há outros fatores neste ano que aumentam a identificação de casos que antes não seriam detectados.
“A detecção de casos de febre do oropouche foi ampliada para todo o país em 2023, após o Ministério da Saúde disponibilizar de forma inédita testes diagnósticos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, até então concentrados na região Norte, passaram a ser identificados também em outras regiões do país”, diz a pasta.