Técnico pede paciência contra o Independiente na final desta quarta e desabafa sobre saúde da mãe: "Se garantissem que ela (mãe) ia melhorar caso eu voltasse, eu voltaria amanhã"
O técnico Reinaldo Rueda não revelou, mas deve escalar o atacante Everton como titular na decisão desta quarta-feira, contra o Independiente, no Maracanã, às 21h45 (de Brasília), valendo o título da Sul-Americana. O treinador disse que o jogador está mais do que 100% recuperado de lesão que o deixou no banco no primeiro jogo da final, na semana passada.
Rueda ainda se reunirá com o elenco na noite desta terça-feira antes de definir a escalação titular para a última partida da temporada.
- Everton está disponível, está a 500%. Creio que a decisão é para as próximas horas. É um rival muito difícil, creio que nas próximas horas (vamos definir)... Teremos análise de vídeos hoje e amanhã defino a escalação - falou o treinador.
Antes do jogo contra o Independiente, Rueda não conteve a emoção, mas não por causa da possibilidade de conquistar seu primeiro título pelo Flamengo. O técnico, que esteve na mira do Deportivo Cali, da Colômbia, foi questionado sobre a possibilidade de voltar ao seu país por causa da mãe, que está doente, e disse:
- Vocês sabem que futebol é assim. Um diretor do Deportivo Cali, depois do jogo contra o Junior, foi no lobby do hotel, nos cumprimentamos. Graças a Deus, tenho bom reconhecimento lá. Não sei por que saiu essa notícia. Sabem do meu compromisso com o Flamengo. Não gostei que misturassem a situação do Flamengo. Se garantissem que ela (mãe) ia melhorar caso eu voltasse, eu voltaria para casa amanhã. Mas não sou médico. Peço a Deus que a dê força, que a recupere. Mas, mais do que isso, não posso fazer nada. Isso (voltar à Colômbia) não me dá garantias de nada - desabafou, emocionado.
Rueda também não descartou a possibilidade de escalar Everton na lateral esquerda, para poder ter Paquetá como titular, também. Mas alertou: é preciso ter cautela para que o Flamengo não seja surpreendido pelo Independiente no Maracanã.
- É preciso ter muita tranquilidade. Se tivermos a bola, temos que propor o jogo. Se não tivermos a bola, é difícil. Não é atacar por atacar. Não é colocar 10 ofensivos ou quatro atacantes - completou.
Veja outros trechos da entrevista de Rueda:
Importância de Juan, presente na última final internacional do Fla, jogada em 99
- Parabéns por tudo. Juan é um ícone mundial, porque a trajetória dele conta com reconhecimento na Itália, Alemanha, jogou na Seleção. Nos enfrentamos muito, e hoje ele é nosso companheiro de trabalho. É muito positivo ter Juan para o Flamengo, torcida e para a história do clube. Tem qualidade técnica, qualidade humana, timing. É um exemplo para as crianças e juventude brasileira.
Forma de jogar contra o Independiente
- Estamos enfrentando um time que faz ótimas transições e que tem bom contra-ataque. Cometemos o erro de não valorizar o 1 a 0 quando ganhávamos por 1 a 0 como visitantes. Levamos o gol pela emoção. Temos que saber que, se queremos algo grande, precisamos de equilíbrio, inteligência e controle de jogo.
Situação física do elenco
- Há dois ou três jogadores que passam de 80% de participação dentro de 83 jogos. Temos sete jogadores que passaram de 60% ou 70% da temporada. Parabéns ao departamento médico, aos preparadores e fisioterapeutas. Temos todo o elenco sem lesões. É ótimo o trabalho da comissão, médicos e fisioterapeutas.
Desgaste
- Têm jogadores com ritmo de jogo, mas desgastados mentalmente. Muitos precisam de férias. Mas é melhor jogar do que ficar em casa eliminado. Essa é a vida que gostam.
Dificuldades da final
- Passar contra Botafogo foi muito difícil. Depois tivemos a final com o Cruzeiro, jogamos sem Paolo. Tivemos adversidades por situações difíceis, jogadores que não estavam inscritos. Elenco que jogava o Brasileirão e não jogava a Copa do Brasil. Estamos em processo de entendimento do time, mas ainda não é o ideal.
Adaptação ao Flamengo
- É um grande aprendizado para nós, como comissão técnica, e para mim pessoalmente é uma experiência única. Estive em cinco Mundiais, dirigi o Atlético Nacional em dois anos, mas Brasil é algo único. Pelo fenômeno sociológico que significa o Flamengo, pela pressão, por esse fervor...
"Casamento" com o Flamengo
- Essa intensidade de competições seguidas, conhecimento de jogadores, conhecimento de imprensa. Uma coisa é namorar, outra é casamento. De namorado é tudo cor de rosa, depois quando casado, dentro de casa, tem que pagar colégio, ônibus, universidade. É um grande aprendizado para nós.
Garotos do elenco
- Para nós, é muito gratificante. Felipe (Vizeu) vinha muito bem quando Guerrero esteve ausente, mas se machucou. Depois perdemos Paolo por convocações. Considerei Lucas Paquetá como um centroavante. É um meia misto. Ele tem caráter, é forte e creio que dá muita força ao Flamengo. Ele entra numa semana muito difícil, joga muito bem contra o Goianiense.
Variações do Independiente
- Recebo muitas informações do Independiente. Eles têm muitas variantes, jogam com volantes internos e externos. Jogam no 3-5-2 ou no 4-3-3. Eles têm muitas variantes táticas, versatilidade e jogadores desequilibrantes. Temos que ser inteligentes para mostrar nossa proposta e ter boa leitura de jogo. Boas decisões para levar o jogo à frente.
Dedicar eventual título à mãe
- São duas semanas muito difíceis. Primeiro quero agradecer à toda torcida do Flamengo. Deus queira que possamos comemorar pela torcida, pelo clube. Fortalece a todos. Tem sido difícil. Vejo demonstrações de carinho de toda a torcida do Flamengo.
Fonte- GE