Técnico comanda clube em nova era e se aproxima de Grêmio de Felipão nos anos 90; presidente Romildo Bolzan vê ciclo de conquistas aberto
No já distante 2016, o Grêmio se apegou à figura de seu maior ídolo, Renato Portaluppi, como solução para dar nova guinada em sua história. À época, reinava a crença – um tanto contida – no herói do Mundial em 1983 para findar o incômodo jejum de 15 anos sem títulos de expressão. E a escolha de Romildo Bolzan tem se mostrado acertada a cada temporada: veio o penta da Copa do Brasil, o tri da Libertadores e, agora, a Recopa Sul-Americana.
"Estou meio cansado, mas não no trabalho. É de dar voltas olímpicas" (Renato Portaluppi)
Nesta quarta-feira, o treinador comemorou seu terceiro título em 17 meses de clube após boa dose de sofrimento: empate em 0 a 0 durante 120 minutos e triunfo nos pênaltis sobre o Independiente, na Arena. A taça da Recopa o faz manter uma média de uma taça nacional ou continental a cada seis meses. E deixa o técnico "cansado" de dar voltas olímpicas – a da noite de quarta-feira ocorreu com pouco mais de 30 dias de treinos na temporada.
– Tenho em mãos um grupo maravilhoso. Algumas peças saíram, outras chegaram. Você vê que em menos de 18 meses, o Grêmio conquistou três títulos importantíssimos. A Copa do Brasil, a Libertadores e uma Recopa, depois de 15 anos em que o clube não conquistava nada. É muita coisa. Esse grupo é vencedor, porque a cada três, quatro meses tem entrado na história. Sempre tive o prazer de estar à frente desse grupo. Eles têm dentro da cabeça deles que aprenderam a gostar de ganhar. No momento em que você prova alguma coisa, você vai correr atrás sempre. O objetivo é correr sempre atrás de títulos – afirmou Renato, após o título.
Após levar um banho dos jogadores na entrevista coletiva após a partida, no auditório da Arena, o treinador brincou, com sua irreverência costumeira, que estava cansado de dar voltas olímpicas. Ouviu de Maicon, ao seu lado, a resposta: "Vamos continuar professor". E o discurso do capitão foi endossado pelo presidente Romildo Bolzan, obstinado a prolongar o ciclo de vitórias.
Renato e Romildo Bolzan em conquista da Recopa (Foto: Lucas Uebel / Grêmio, DVG)
Até porque a equipe de Renato se aproxima do Grêmio de Felipão nos anos 90. Duas décadas atrás, Scolari comandou o Tricolor numa sequência semelhante (e superior) à de Portaluppi: foi campeão da Copa do Brasil em 1994, da Libertadores em 1995 e da Recopa em 96 – inclusive contra o mesmo Independiente. Mas a temporada de 1996 ainda reservou ao Grêmio seu bicampeonato brasileiro.
– O ciclo não encerrou. Se ele achar que o grupo está pronto seria erro de avaliação. Sabemos que temos de ter mais jogadores no plantel, para permanecer o ciclo e não encerrá-lo. O Grêmio sabe que tem de seguir a política de formação. Fica o que o Renato disse, a perspectiva de que o ano começou definitivamente para o time titular com essa partida. Fica a sensação de que o ano do futebol do Grêmio começou. O que aconteceu nos três campeonatos é uma política de manutenção do elenco, que é o mais importante. Na medida que há afinidade, compromissos, transforma o grupo de trabalho numa extensão da família. Cria um ambiente vencedor – assegura o presidente Romildo Bolzan.
"O ciclo não encerrou. Fica o que o Renato disse, a perspectiva de que o ano começou definitivamente para o time titular com essa partida. Fica a sensação de que o ano do futebol do Grêmio começou" (Romildo)
A taça serve de combustível extra para reverter uma situação delicada, contrastante com a festa que tomou as arquibancadas da Arena. Lanterna no Gauchão com apenas quatro pontos em sete jogos, o Grêmio tem quatro rodadas para evitar o rebaixamento e tentar subir ao G-8. A equipe volta a campo já no próximo sábado, às 19h, para encarar o Novo Hamburgo, na Arena, pela 9ª rodada. Na sequência, ainda depara com a estreia na Libertadores, na terça-feira, às 19h15, contra o Defensor, no Estádio Luis Franzini, em Montevidéu.
Fonte- GE