Presidente americano diz que 'uma escola sem armas é um convite para pessoas ruins'
WASHINGTON — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu defender o uso de armas por boa parte dos professores americanos para evitar massacres como o que aconteceu na semana passada em uma escola da Flórida, onde 17 pessoas foram mortas.
Trump expressou apoio à ideia, inicialmente, nesta quarta-feira, durante uma reunião na Casa Branca com alunos que sobreviveram ao tiroteio e o pai de uma das vítimas fatais do assassino Nikolas Cruz, de 19 anos. "Se você tivesse um professor que fosse adepto das armas de fogo, ele poderia acabar com o ataque muito rapidamente", disse Trump, segundo a emissora americana CNN.
Nesta quinta-feira, porém, o presidente tentou desmentir a imprensa, frisando em seu perfil do Twitter que "nunca disse 'deem armas para professores' como foi dito pela Fake News @CNN e @NBC". No entanto, na mesma série de mensagens o presidente dos EUA apresentou argumentos que apoiam justamente o armamento de professores.
"O que eu disse foi para avaliar a possibilidade de dar 'armas ocultas para professores com habilidade em lidar com armas, com experiência militar ou treinamento especial — apenas os melhores. 20% dos professores, muitos, seriam capazes de imediatamente atirar se um selvagem sádico for para uma escola com más intenções", afirmou Trump.
"Professores altamente preparados também serviriam como um impedimento para os covardes que fazem isso. Muito mais vantagens por muito menos custo do que guardas. Uma escola 'sem armas' é um imã para pessoas ruins. ATAQUES TERMINARIAM!", acrescentou.
"A História mostra que um tiroteio em escola dura, em média, três minutos. A polícia e serviços de emergência levam aproximadamente de cinco a oito minutos para chegar ao local do crime. Professores e treinadores altamente treinados e habilidosos poderiam resolver o problema instantaneamente, antes que a polícia chegasse. ÓTIMA DISSUASÃO", completou na rede social.
Na reunião desta quarta-feira, Trump sentou-se no meio de um semi-círculo em uma sala da Casa Branca, ouvindo atentamente enquanto estudantes choravam e pediam mudanças. O presidente prometeu tomar medidas para melhorar as verificações de antecedentes para compradores de armas.
O encontro incluiu seis alunos da escola Marjory Stoneman Douglas, de Parkland, na Flórida, onde 17 estudantes e educadores foram mortos em 14 de fevereiro por um jovem armado com um rifle de assalto semiautomático AR-15, no segundo tiroteio mais mortal em uma escola pública dos EUA.
— Eu não entendo por que ainda posso ir a uma loja e comprar uma arma de guerra, uma AR — disse Sam Zeif, de 18 anos, soluçando depois de ler as mensagens de texto de seus familiares durante o tiroteio na Flórida. — Nunca vamos deixar isso acontecer novamente, por favor.
No meio do encontro, Andrew Pollack, pai da jovem Meadow Pollack, de 18 anos, que foi morta no massacre, deu um grito desesperado: "Estou arrasado, por causa da minha filha, não vou vê-la novamente".
Em resposta, Trump disse apenas que seu governo enfatizará as verificações de antecedentes e a saúde mental de compradores de armas, em esforço para tornar as escolas mais seguras.
— Nós vamos ser muito duros em verificações de antecedentes, estamos fazendo verificações de antecedentes muito fortes, com ênfase muito forte na saúde mental — disse Trump. — Não serão conversas como eram no passado.
O apoio de Trump a qualquer rigidez nas leis de armas marcaria uma mudança para o republicano, que sempre recebeu apoio da Associação Nacional do Rifle, grupo que defende o comércio de armas nos Estados Unidos.
Sobreviventes do ataque da Flórida foram à capital do estado, Tallahassee, para exigir que parlamentares restrinjam vendas de fuzis. Manifestantes se juntaram aos protestos nas ruas de Washington, Chicago e Pittsburgh.
O massacre de 14 de fevereiro, o mais recente em uma longa série de ataques a tiros em escolas nos EUA, agitou o longo debate do país sobre direitos de armas e segurança pública, fazendo com que autoridades, de parlamentares estaduais a Trump, considerem novas ações.
O ataque foi realizado pelo ex-aluno de 19 anos Nikolas Cruz, que comprou um fuzil AR-15 há quase um ano. A polícia acusou Cruz, que havia sido expulso do colégio por problemas disciplinares, por 17 crimes.
— Nikolas Cruz pôde comprar um rifle de assalto antes de poder comprar uma cerveja — disse Laurenzo Prado, aluno da escola Stoneman, se referindo à lei da Flórida que permite que pessoas a partir de 18 anos possam comprar rifles de assalto. — As leis deste país falharam — completou.
Fonte- O Globo