A rivalidade entre Bahia e Vitória certamente é a maior do Norte e Nordeste. De ambos os lados já desfilaram grandes craques do futebol brasileiro. Na véspera de mais um Ba-Vi decisivo do Campeonato Baiano, nada melhor do que ouvir duas feras, que, por coincidência, levam quatro letras em seus nomes. Do tricolor, um dos maiores ídolos da história do Esquadrão de Aço: Bobô. E do rubro-negro, Hugo, imortalizado pelos três gols que marcou em um clássico pelo Brasileirão, em 1989.
Raimundo Nonato Tavares da Silva, o Bobô, nasceu em Senhor do Bonfim-BA, em 28 de novembro de 1962. Tem 55 anos. Jogou pelo Bahia nas temporadas de 1986 a 1989, e de 1995 a 1997. “Todos os Ba-Vis são especiais, eu não vejo um mais importante que o outro, agora quando se faz um gol, ganha o jogo ou conquista um título a emoção é redobrada”, afirma o hoje deputado estadual.
Hugo Aparecido Matos de Oliveira, o Hugo, nasceu em Campinas-SP, em 28 de maio de 1965. Tem 52 anos. Jogou pela Vitória nas temporadas de 1987, 1989 e 1995. “Aquele Ba-Vi (de 89) foi num Brasileirão, uma situação diferente desses que acontecerão agora. O Bahia era tricampeão baiano e havia conquistado o Brasileiro em fevereiro daquele ano. Jogar contra eles era difícil, pois o rival tinha mais estrutura do que nós. Então, era preciso dar uma resposta à torcida. E nós demos”, lembrou Hugo, que atualmente exerce a função de comentarista de rádio.
Na memória de Bobô estão três Ba-Vis. “Em 1986, estava chegando no Fazendão, vindo da Catuense. No dia 26 de março, eu disputei meu primeiro clássico contra o Vitória. Vencemos por 2 a 1 e fiz o segundo gol. Acho que Cláudio Adão fez o outro. Teve também um que goleamos por 5 a 0. Aí foi uma festa. Fiz dois gols, Adão também. Era cruzamento de Zanata (lateral-direito) e balaiada para dentro. Na final do Baiano de 88, nós vencemos por 3 a 0 e o jogo ficou marcado por uma briga feia no final. O Dulcídio [Vanderlei Boschillia] expulsou um monte de jogadores”, recordou.
Tanto Bobô quanto Hugo argumentam que a preparação mental é fundamental para obter o sucesso no maior clássico do Norte-Nordeste. “Um jogo desse, o que vale mais é a força mental. O equilíbrio emocional para evitar expulsões e buscar o resultado positivo. Suportar o que vem do outro lado. Para nós era um desafio muito grande”, lembrou Hugo.
E Bobô acrescenta: “Nós nos preparávamos muito para jogar o Ba-Vi, que era o grande jogo de nossas vidas. A confiança estava nesse aspecto, de encarar o clássico como o momento mais importante do nosso trabalho, com 70, 80 mil pessoas na Fonte Nova. Podíamos até perder os jogos menores, mas se vencíamos o Ba-Vi, recuperava. De 86 a 89, eu venci mais do que perdi, mas na segunda passagem pelo Bahia, em 1995, foi o contrário”.
Hugo ressalta o trabalho de formiguinha feito pelo grupo para alcançar sucesso diante do maior rival. “Eu estava numa fase muito boa. Tirávamos o melhor de cada um do time. A nossa dupla de zaga era alta, com Beto e Sérgio Odilon, que faziam muitos gols de cabeça. Bigu segurava o meio-campo, com o apoio do Tobi. O lateral-direito Jairo tinha uma boa passagem para apoiar no ataque. André Carpes era difícil de ser marcado. Em 89, nosso técnico era o André Catimba, e em 90 veio o Carlos Gainete. Naquele tempo, eu não tinha noção da importância de ter calado a torcida do Bahia com três gols num jogo”, confessou.
Para levar a melhor no Ba-Vi, Bobô também ressalta a boa preparação. “Acima de tudo ter um bom treinamento. Como diferencial, o atleta precisa ter confiança, não ter medo de errar. Esse futebol robotizado de hoje não ajuda. Então, a ousadia faz a diferença, com capacidade individual, a boa técnica e impetuosidade”, deu, o toque sutil para os tricolores.
Portanto, esses dois monstros sagrados do futebol baiano relataram um pouco do seu passado para que os atuais artistas usem como inspiração para o grande clássico deste domingo (1º), na Arena Fonte Nova. Que vença o melhor!
Fonte- FBF