Presidente, vice de futebol e diretor geral explicam processo da venda do camisa 11 para o Milan. Spindel afirma que negociação em outubro dá tranquilidade para reposição para início de 2019
Oito dias após a venda de Lucas Paquetá se tornar pública, a cúpula do Flamengo realizou uma coletiva de imprensa na sede do clube. Com a presença do presidente Eduardo Bandeira de Mello, do vice de futebol, Ricardo Lomba, e do diretor geral, Bruno Spindel, a intenção da entrevista foi esclarecer a negociação do jovem com o Milan.
Logo no início, Bandeira pediu a palavra e ressaltou que a ideia era ''esclarecer tudo de nebuloso'', apesar do acordo de confidencialidade com o Milan. O presidente apontou o ambiente político em ebulição - em dezembro, o clube terá eleições - e viu questionamentos maliciosos sobre o caso. Lomba, que é candidato a presidente da situação, também se mostrou incomodado.
- É leviano pensar que qualquer um de nós tinha interesse de nos desfazermos de um jogador que está no clube desde 11 anos, identificado com a torcida. Ninguém fica feliz em perder um ídolo. Grandes clubes europeus nos procuram há algum tempo. Tentamos renovar, com reajuste e novo prazo. Mas temos que olhar as aspirações profissionais. Ele queria jogar na Europa, jogar a Liga dos Campeões, em um futebol mais estruturado. Lá fora ele atua 45, 50 jogos no ano. Aqui, 85 jogos, o dobro, quase. Não somos donos do atleta. Temos contrato profissional - disse Ricardo Lomba.
Diretor geral revela que não houve comissionamento
Na semana passada, a oposição, que tem Rodolfo Landim como candidato, tratou a venda como “inacreditável”. As principais críticas são em relação ao momento – uma vez que o Flamengo está na reta final do Brasileiro – e ao valor abaixo da multa rescisória de 50 milhões de Euros. O meia foi negociado por 35 milhões de Euros, mas o Flamengo receberá 24,5 milhões de Euros, em quatro parcelas.
Lomba, que em algumas entrevistas disse que o jogador só sairia pela multa, explicou que as declarações se referiam à janela do meio do ano, quando, na visão da diretoria do Flamengo, era chave a manutenção de Lucas Paquetá.
- Eu disse que a gente não perderia o Paquetá no meio do ano nessa janela se não fosse pelo valor da multa. Era importante não perder o jogador esse ano, justamente pelo assédio que vinha recebendo. Só sairia pelo valor da multa. Pagar o valor da multa não é negociação. O atleta manifesta seu interesse, paga pelo distrato e o jogador sai - disse o vice de futebol.
O dirigente, que é candidato à sucessão apoiado por Bandeira, defendeu a negociação:
- No ponto de vista financeiro, é uma transação muito boa para o Fla. Do ponto de vista econômico é uma excelente transação. A multa é uma proteção do clube, não se pode tomar como referência para transação. Mas chegamos o mais próximo possível, ficamos muito perto do valor da multa. E a maior parte do dinheiro fica para o próximo triênio - ressaltou Lomba.
Um dos responsáveis pela costura do negócio, Bruno Spindel deixou claro que todo o dinheiro da venda será investido no futebol do Flamengo. O diretor geral do Flamengo, sem entrar em detalhes, também garantiu que não houve comissionamento na venda de Paquetá.
- Temos certeza que teremos um Flamengo mais forte ainda no ano que vem. Todos os recursos da venda serão investidos no futebol. Vai nos ajudar ainda mais a brigar por títulos. Vamos fazer de tudo para que o Fla seja campeão de tudo. Preocupação era de que ele não saísse no meio do ano e tendo valor interessante e muito próximo da multa não prejudicasse ano esportivo de 2018 e nem 2019. O que seria prejudicar 2019? Seria sair com o calendário apertado da janela do início do ano. Com a negociação em outubro são três para fazer a reposição do atleta - afirmou Spindel.
"Até o fim de 2018 ninguém entra e ninguém sai. Que nem na gafieira"
Confira outros pontos da coletiva de imprensa:
Reposição de Paquetá
Spindel: Uma das razões pelas quais a gente julga que o melhor momento para fazer a transação era agora era para que o planejamento de janeiro possa ser feito da melhor maneira. Sem ser evasivo, dizendo "o Flamengo está mapeando o mercado". Nunca podemos falar de qualquer nome. Mas é óbvio que se a gente disse que o objetivo era fazer planejamento do ano que vem para brigar por todos os títulos a gente já está olhando sim.
Lomba: Há algum tempo estamos tendo reuniões e pessoas do departamento fazem prospecção do mercado. Diferentemente de outros anos, quando tivemos que usar a janela do meio do ano para contratar, o que queremos é que no início da temporada tenhamos todos jogadores do elenco.
Mais alguma negociação até o fim do ano?
Bandeira: Até o fim do campeonato ninguém entra e ninguém sai. Que nem na gafieira.
Spindel: A negociação do Paquetá não veio de dentro para fora, mas de fora para dentro. Queríamos renovar, não foi possível. Procuramos a melhor solução possível, que era o melhor negócio financeiro, a menor perda desportiva em 2018 e em 2019. Foco total hoje é ser campeão brasileiro.
Parcelamento da venda
Spindel: Não posso dar detalhes. Percentual que vai entrar é de 10% a 15% da transação total. A transação depende de alguns aspectos negociados. Tem valores variáveis. Mesmo sem considerar os valores variáveis, o Flamengo vai receber em 2018 e o dinheiro depois fica para o próximo triênio, com mais valores em 2019.
Vai gastar como?
Spindel: Vai ser discutido como gastar, estará no orçamento de 2019. Em 2018 a execução orçamentária está muito tranquila. Vamos fechar a dívida bancária em R$ 26 milhões. Planejamos em R$ 47 milhões. Não teremos, portanto, problema nenhum para fechar o ano.
Quem ganhou com a negociação?
Spindel: O Flamengo não pagou comissão alguma. O Flamengo ganhou seu percentual, o clube tem 70% do direito econômico. O detentor do restante do percentual vai receber seus valores.
Bandeira: O Flamengo ganha, o detentor do restante do direito econômico ganhou 30%. O percentual do Flamengo era de 70% por que foi assinado o contrato dele em 2013. Na época as regras da Fifa eram diferentes.
Outros assuntos:
Renovação Diego
Bandeira: Seguindo tradição iniciada em 2013, a gente não fala sobre negociações. Temos apreço, carinho e admiração pelo jogador. Vai ser discutido e divulgado no momento apropriado.
Compra de Vitinho
Bandeira: Todo dia surge inquérito novo. Isso é risível. Tem coisas que entendemos no processo eleitoral. Essa é ridícula. Pessoas que tiraram retrato com ele, agora vão abrir inquérito. Isso não tira meu sono. Pode abrir quantos inquéritos quiserem. Não vou me pautar sobre ameaça ridícula.
Spindel: Não houve comissionamento na compra do Vitinho.
Candidatura de Lomba
Lomba: Período mais autofágico é esse período eleitoral. Decepção também. Objetivo de todos nós é comemorar títulos, ficar feliz, fazer amigos. Futebol, esportes olímpicos. Fla-Gávea, aspecto social. A gente vem lotado de boas intenções e se surpreeende com esse tipo de coisa. Lamento demais que a eleição venha sendo comentada por conta dessa questão.
Não vale a pena. A comissão permanente eleitoral está avaliando. As pessoas podiam ter mais responsabilidades, comprometimento com os cargos que ocupam. Deviam ter em mente fazer Flamengo mais forte, não buscar interesses pessoais.
Florida Cup
Spindel: Se estivermos na pré-Libertadores, o Flamengo tem a opção de não jogar. Mas tem confrontos contra times internacionais, botar o pé nos EUA, uma questão também de disputar torneios internacionais, como Ramon de Carranza, é um passo importante para levar o nome do Flamengo para fora.
Fonte- GE