Ouvir rádio

Pausar rádio

Offline
Após divergências, Bolsonaro pede coesão entre Onyx e Guedes
Política
Publicado em 08/01/2019

Desentendimentos, negados pelo ministro da Economia, escancaram uma disputa entre o núcleo político e a área econômica

Após virem a público divergências entre os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Economia, Paulo Guedes, ainda na primeira semana do novo governo, o presidente Jair Bolsonaro pediu para os dois abandonarem as disputas internas e darem demonstrações de unidade. Os ministros fizeram nesta segunda-feira, 7, um gesto inicial e almoçaram juntos no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto.

Os dois fizeram questão de posar para fotos em frente ao mapa do Brasil. Os sorrisos contrastavam com as idas e vindas da última sexta-feira, 4, quando Onyx foi obrigado a desmentir um suposto aumento de impostos, após o próprio Bolsonaro confirmar a informação.

O presidente pediu "coesão" dos ministros e, apesar de ter sido porta-voz de declarações desencontradas sobre medidas econômicas do governo, Bolsonaro determinou aos auxiliares uma espécie de lei do silêncio.

Mais do que problemas de comunicação, os desencontros escancararam uma queda de braço entre o núcleo político e a área econômica do governo, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo no sábado, 5. Seguindo a solicitação de Bolsonaro, porém, Guedes negou essa divisão e disse não haver turbulências no horizonte.

"Todo mundo acha que tem uma discussão entre nós, uma briga. Nós somos uma equipe muito, muito sintonizada", afirmou o titular da Economia, após citar o nome de Onyx na última segunda-feira.

O comentário foi feito durante a cerimônia de transmissão de cargo para o comando do Banco do Brasil, depois do almoço com o chefe da Casa Civil. No discurso, Guedes elogiou Onyx e fez de tudo para mostrar que não havia discórdia na equipe. A reportagem apurou, no entanto, que as desavenças continuam.

Logo pela manhã, ao participar da solenidade de posse dos novos presidentes do Banco do Brasil, Rubem Novaes; do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy; e da Caixa, Pedro Guimarães, Bolsonaro afirmou que a aceitação do seu desconhecimento em muitas áreas "é sinal de humildade".

"Tenho certeza, sem qualquer demérito, de que conheço um pouco mais de política do que Guedes e ele conhece muito, mas muito mais de economia do que eu", disse. Em conversas reservadas, o presidente solicitou aos ministros a apresentação de duas linhas de ação, sob o argumento de que a "visão política" cabe ao chefe do governo.

Empenhado em desfazer rumores de um possível desentendimento de Guedes também com Bolsonaro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, apelou na segunda-feira, 7, até mesmo para o inglês e chamou os dois de "best friends". "Não teve rusga nenhuma, nem rusga, nem carrinho por trás, nem tesoura voadora, não teve nada", declarou.

Uma nova reunião ministerial foi marcada para a manhã desta terça-feira, 8, quando o presidente pretende "alinhar" o discurso da equipe. Além disso, cada ministro terá de apresentar o "inventário" de problemas nas pastas e metas para os cem dias de governo.

 

Dúvidas

 

Na semana passada, a primeira reunião de Bolsonaro no Planalto, houve divergências sobre as principais medidas do governo. Para completar o quadro de incertezas, uma declaração do presidente sobre a definição de idades mínimas para aposentadoria, no momento em que se discute a proposta de Reforma da Previdência, provocou dúvidas inexplicáveis.

Bolsonaro chegou a anunciar mudanças nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e do Imposto de Renda, que também causaram ruídos e posteriormente foram negadas por Onyx e pelo secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra. O presidente disse que tinha assinado decreto para aumentar o IOF para operações externas, sem dar detalhes. A elevação seria necessária para cobrir o rombo deixado pelo projeto que prorroga benefícios fiscais a empresas do Norte e Nordeste. Horas mais tarde, porém, tudo mudou.

Heleno creditou o "equívoco" de Bolsonaro à quantidade de informações recebidas pelo presidente. "Acredito que aquilo foi fruto de uma primeira semana. O peso em cima das costas do presidente é muito grande e ele acaba ouvindo muita coisa sem ter tempo nem de conferir se o que ouviu está valendo ainda."

Fonte- Band

Comentários
Comentário enviado com sucesso!