Atacante não joga desde novembro e espera data do julgamento. Ele disse que tomou remédio para emagrecer com autorização médica: " Faz 10 anos que sofro com o peso"
Walter nunca escondeu de ninguém que luta para se adequar ao futebol. O corpo não acompanhava a habilidade. Jogou muitas vezes bem acima do peso e, nos últimos anos, esse problema travou a carreira. Mexeu com a sua cabeça.
Ele fez a diferença em alguns jogos, mostrou o talento que tem, mas não teve sequência. Em 2018, disputou 15 jogos e marcou dois gols.
Ajudou o CSA a subir para a Série A, mas, em dezembro, levou uma pancada. Foi pego no doping por sibutramina, substância usada para emagrecer. Desde então, ele não joga.
O atacante, hoje com 29 anos, conversou com o Globoesporte.com sobre o doping. Disse estar confiante na absolvição no julgamento e revelou ainda uma mágoa com a diretoria do CSA.
- Foi uma coisa que eu não tenho prova, mas tenho minha consciência [tranquila]. Tenho 10 anos de carreira, nunca tomei remédio para isso, sempre perguntei... E eu perguntei para o médico do CSA pessoalmente, e ele falou pra mim que podia tomar. Eu tomei e caí no doping. Só que eu não tenho prova. É ele falando que não e eu falando que sim. Mas eu tenho a minha consciência de boa que não ia tomar contraprova. Faz 10 anos que eu estou no futebol e 10 anos que eu sofro com peso. E nunca caí no doping. Quantas vezes eu já fui para o doping? Porque tudo que eu tomo é falado com os médicos. Tudo isso eu tenho a minha consciência de boa porque eu sei que não foi por querer. É por isso que eu estou bem consciente que vai dar tudo certo para mim.
Três meses se passaram desde a publicação do nome de Walter na lista de atletas suspensos preventivamente. Ele disse que jogou pela última vez no fim de novembro.
- Eu aprendi muitas coisas, sabe? Eu vi quem estava do meu lado, quem não estava. Quem me liga, quem não liga... Eu fiquei muito maduro com isso tudo. Vai fazer quatro meses já. Meu último jogo foi no dia 25 de novembro, faz quase cinco meses sem atuar. Você fica triste, mas aprende. A minha esposa está me ajudando muito também.
Se eu tivesse sozinho, acho que... É muito triste.
Walter disse ainda que esperava mais apoio da diretoria do CSA.
- O clube me abandonou, não me ajudou em nada. Me largaram. Eu pensava uma coisa do presidente [do Conselho Deliberativo], senhor Raimundo... A gente tinha muita amizade, mas conseguiram o acesso, tal, e parece que me esqueceram. Não manda mensagem perguntando como está, largou... Tipo assim: "O Walter não está aqui, se vira!"
Walter agradeceu, por outro lado, apoio que teve da torcida do CSA. Ele disse que esse laço não será desfeito por tudo o que ele passou em Alagoas. Lamentou por não ter jogado tanto, mas lembrou que deixou o clube com o acesso.
- A torcida eu só tenho que agradecer pelo carinho que ela tem por mim. Eu sabia que poderia dar um pouco mais. No bom momento que eu estava, muito bom momento, que foi contra o Fortaleza, ali eu estava no meu melhor momento, físico também, de cabeça, e foi aí que veio a lesão que me atrapalhou um pouco. Eu fico em dívida com a torcida porque eu sabia que poderia dar um pouco mais. Mas eu passei um pouco da minha experiência. Um jogador vencedor, sempre vai vencer. E eu venci aí no CSA. Subi o clube, com meus companheiros, a gente foi vice-campeão, o que conta muito. Em algumas coisas, eu ajudei ao CSA. E a torcida eu só tenho que agradecer o carinho eles têm por mim.
Me arrependo muito por não ter feito muitos gols para eles, mas a torcida é enorme, apaixonada, e é uma coisa que eu sinto falta.
O atacante falou também rapidamente sobre um caso que ganhou repercussão nacional no ano passado. Ele foi preso em Maceió por apontar uma arma de brinquedo para funcionários da Eletrobras.
- Aquele momento também foi muito difícil pra mim também, mas graças a Deus já está resolvido. Foi uma coisa muito difícil que eu passei, mas Deus é tão bom que já está bem resolvido.
Futuro
Walter está hoje em Goiânia e aguarda o desfecho do processo de doping no Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD). Ele disse ter um projeto para o futuro.
- Estou treinando. Treino pela manhã, tarde e, até mesmo, à noite. Estou aqui, firme. Se hoje cair a liberação, eu tenho um clube pra ir. Não vou falar, é um clube de Série B, um clube grande. A gente está conversando, um projeto muito bacana e eu não posso falar porque vai ser um choque. Mas a gente está devagarzinho e vai esperar pra ver o que vai acontecer aí.
O julgamento
O Ministério dos Esportes informou que o processo sobre o caso de doping de Walter está numa fase que envolve apresentação da defesa, da denúncia e designação de relator. A data do julgamento ainda não foi definida.
Fonte - GE