Bombeiros entraram nesta sexta-feira (19) no oitavo dia de buscas por vítimas nos escombros. O número de mortos chegou a 20. Três pessoas são consideradas desaparecidas.
A Justiça decretou a prisão temporária de três investigados no desabamento de dois prédios na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. José Bezerra de Lima, o ‘Zé do Rolo’, Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa tiveram a prisão decretada. Eles são suspeitos de construir e vender os apartamentos dos prédios que desabaram.
O pedido de prisão foi feito ao plantão judiciário, que aceitou. Segundo a delegada titular da 16ªDP (Barra da Tijuca), não há dúvidas de que eles são responsáveis pelos prédios irregulares.
“Ontem foi o nosso primeiro contato com as vítimas que atenderam aos nossos apelos. Certamente, por motivos óbvios, apresentavam certa resistência. Mas, por motivos óbvios buscaram na Polícia Civil um certo conforto e reconheceram o Zé do Rolo como o construtor e os outros dois os vendedores", destacou a delegada.
Segundo Belém, os três já podem ser considerados foragidos. Ela afirmou ainda que equipes estão na rua buscando prender os três suspeitos. Ela pede a ajuda da população caso tenha algum tipo de informação que possa levar a eles.
“São pessoas que vendiam sonho para pessoas humildes que receberam a tragédia, a desgraça”, destacou Adriana Belém.
Mudança na tipificação
Ainda de acordo com a delegada, a ocorrência foi tipificada como desabamento com morte, mas através dos depoimentos, passou a ser definido como homicídio doloso eventual. “A gente entende que aquele que constrói um prédio daquela forma, naquelas circunstâncias, assume o risco pela morte daquelas pessoas", contou.
Dois prédios na comunidade da Muzema desabaram no dia 12 de abril. Os bombeiros entraram nesta sexta-feira (19) no oitavo dia de buscas por vítimas nos escombros. O número de mortos chegou a 20. Três pessoas são consideradas desaparecidas.
Moradores sofrem com falta de infraestrutura
Uma semana após o desabamento, moradores da comunidade vivem entre o silêncio decretado por milicianos e a busca pelo mínimo de cidadania. Eles reivindicam serviços básicos para a região - alguns interrompidos desde antes dos desabamentos dos prédios, durante as chuvas que já tinham causados 10 mortes na cidade.
"Tem pessoas que não saem de casa, estão ilhados e não têm nenhuma assistência. Se não tivesse tido a tragédia, talvez isso tivesse passado despercebido", avalia Bruno Rodrigues, de 29 anos.
Bruno é sobrinho de Cláudio Rodrigues, a 1ª vítima identificada no desastre que, até a última atualização do Corpo de Bombeiros, havia deixado 20 mortos.
O tio de Bruno, que também era vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos da Muzema, vivia num dos prédios com a mulher Adilma e a filha Clara, de 10 anos. Ambas sobreviveram ao desabamento.