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Justiça decreta prisão de suspeitos da construção e venda de prédios na Muzema
Diversas
Publicado em 19/04/2019

Bombeiros entraram nesta sexta-feira (19) no oitavo dia de buscas por vítimas nos escombros. O número de mortos chegou a 20. Três pessoas são consideradas desaparecidas.

 

A Justiça decretou a prisão temporária de três investigados no desabamento de dois prédios na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. José Bezerra de Lima, o ‘Zé do Rolo’, Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa tiveram a prisão decretada. Eles são suspeitos de construir e vender os apartamentos dos prédios que desabaram.

 

O pedido de prisão foi feito ao plantão judiciário, que aceitou. Segundo a delegada titular da 16ªDP (Barra da Tijuca), não há dúvidas de que eles são responsáveis pelos prédios irregulares.

 

“Ontem foi o nosso primeiro contato com as vítimas que atenderam aos nossos apelos. Certamente, por motivos óbvios, apresentavam certa resistência. Mas, por motivos óbvios buscaram na Polícia Civil um certo conforto e reconheceram o Zé do Rolo como o construtor e os outros dois os vendedores", destacou a delegada.

 

Segundo Belém, os três já podem ser considerados foragidos. Ela afirmou ainda que equipes estão na rua buscando prender os três suspeitos. Ela pede a ajuda da população caso tenha algum tipo de informação que possa levar a eles.

 

“São pessoas que vendiam sonho para pessoas humildes que receberam a tragédia, a desgraça”, destacou Adriana Belém.

 

 

Mudança na tipificação

Ainda de acordo com a delegada, a ocorrência foi tipificada como desabamento com morte, mas através dos depoimentos, passou a ser definido como homicídio doloso eventual. “A gente entende que aquele que constrói um prédio daquela forma, naquelas circunstâncias, assume o risco pela morte daquelas pessoas", contou.

 

Dois prédios na comunidade da Muzema desabaram no dia 12 de abril. Os bombeiros entraram nesta sexta-feira (19) no oitavo dia de buscas por vítimas nos escombros. O número de mortos chegou a 20. Três pessoas são consideradas desaparecidas.

 

Moradores sofrem com falta de infraestrutura

Uma semana após o desabamento, moradores da comunidade vivem entre o silêncio decretado por milicianos e a busca pelo mínimo de cidadania. Eles reivindicam serviços básicos para a região - alguns interrompidos desde antes dos desabamentos dos prédios, durante as chuvas que já tinham causados 10 mortes na cidade.

 

"Tem pessoas que não saem de casa, estão ilhados e não têm nenhuma assistência. Se não tivesse tido a tragédia, talvez isso tivesse passado despercebido", avalia Bruno Rodrigues, de 29 anos.

 

Bruno é sobrinho de Cláudio Rodrigues, a 1ª vítima identificada no desastre que, até a última atualização do Corpo de Bombeiros, havia deixado 20 mortos.

 

 

O tio de Bruno, que também era vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos da Muzema, vivia num dos prédios com a mulher Adilma e a filha Clara, de 10 anos. Ambas sobreviveram ao desabamento.

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