Ao receber prêmio nos EUA, Bolsonaro erra bordão e se concentra em Argentina e Venezuela
Em discurso de 11 minutos, presidente brasileiro diz que Macri enfrenta dificuldades e afirma temer outra Venezuela no Cone Sul
WASHINGTON — Ao receber a homenagem da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que concedeu a Jair Bolsonaro o título de personalidade do ano, em Dallas , no Texas, o presidente brasileiro mostrou novamente preocupação com a situação política na Argentina e na Venezuela. Durante 11 minutos, Bolsonaro lembrou que o chefe de Estado argentino, Mauricio Macri, enfrenta problemas e disse temer a eleição de Cristina Kirchner e uma "nova Venezuela" na região.
O presidente também elogiou a atual política em relação aos Estados Unidos, antes "tratados como se fossem inimigos", e acabou errando seu bordão ao finalizar o discurso: "Brasil e Estados Unidos acima de tudo, Brasil acima de todos".
Pobre povo veneuelano. Está fugindo da violência, da fome e da miséria. Mas não se esqueçam da nossa Argentina, que está indo para um caminho bastante complicado. Não podemos ter outra venezuela no Cone Sul. Com problemas estruturais em seu país, o meu amigo (Mauricio) Macri enfrenta dificuldades, e vê a possibilidade de uma presidente voltar ao poder — afirmou, em referência a Cristina Kircher. — Essa amiga do PT do Brasil, de (Hugo) Chávez, de (Nicolás) Maduro, entre outros, como Fidel castro, que tinham mais que o sonho de roubar nosso país, (o sonho de) roubar a liberdade de todos nós.
O presidente ainda afirmou que viajará em breve à Argentina e disse que buscará "colaborar com o país", assegurando no entanto que não irá se intrometer em assuntos locais.
Bolsonaro também elogiou a parceria com o governo de Donald Trump e lamentou não ter ido a Nova York. O presidente cancelou a visita a cidade e transferiu a agenda para Dallas, no Texas, após protestos e críticas do prefeito Bill de Blasio . Foi substituído no evento de Nova York pelo governador de São Paulo, João Doria, que mandou um recado para De Blasio no discurso e pediu que o americano fosse gentil com o presidente do Brasil.
— No Brasil, a política até de há pouco, era de antagonismo a países como os EUA. Os senhores eram tratados como se fossem inimigos nossos. O Brasil de hoje é amigo dos Estados Unidos, o Brasil de hoje respeita os Estados Unidos e o Brasil de hoje quer o povo americano e os empresários americanos ao nosso lado — disse o presidente ao receber o prêmio. — Precisamos, queremos e estamos, mais que propensos, convictos da união, dessa confiança que começamos a estabelecer nos últimos meses. Fazemos comércio, assinamos muitos acordos, como o da Base de lançamento de Alcântara.
Reiterando seu amor pelos nova-iorquinos, ele ainda lamentou o ocorrido nos últimos dias.
— Não posso ir a casa de uma pessoa onde sua familia não me queira bem.
No fim, Bolsonaro voltou a enaltecer os Estados Unidos, errando seu famoso bordão:
— Termino com meu chavão de sempre. Brasil e Estados Unidos acima de tudo, Brasil acima de todos.
Henrique Gomes Batista, enviado especial e Paola De Orte, especial para o Valor
16/05/2019 - 15:58 / Atualizado em 16/05/2019 - 17:33