Conversas entre Moro e Dallagnol podem "bagunçar" agenda da reforma da Previdência
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A semana que começa com a polêmica sobre a publicação de conversas privadas entre o ministro da Justiça, Sergio Moro, e membros da Lava Jato, tem agenda cheia com votação de "regra de ouro" e reforma da Previdência, que pode perder temporariamente seu protagonismo em Brasília.
O site "The Intercept" publicou ontem uma série de informações, baseadas supostamente em mensagens trocadas entre integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, sugerindo que o então juiz Sérgio Moro, responsável pelo caso, participou de articulações com o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná. O objetivo seria colaborar para o sucesso da operação.
Em nota, a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba disse que seus membros foram vítimas de "ação criminosa de um hacker" que praticou os "mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes".
A nota não desmente o conteúdo das mensagens e confirma que os celulares e os aplicativos de mensagens de vários procuradores foram invadidos por um hacker.
Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, confirmou o teor do que chamou de "supostas mensagens" e disse lamentar o anonimato da "pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores".
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"Jair Bolsonaro vai ter que tomar cuidado extremos nas suas próximas declarações sobre seu ministro. Tudo indica que o material que, segundo Greenwald conteria 'áudios e vídeos', não foi todo publicado. E nem todos os atores também foram igualmente revelados", observam os analistas da XP Política.
Os ruídos causados por essas conversas têm potencial para "bagunçar" a agenda política, que tem na terça-feira (11) nova reunião da Comissão Mista de Orçamento (CMO) para discutir o parecer sobre a "regra de ouro", o projeto de crédito suplementar em que o Executivo pede autorização do Congresso Nacional para quitar, por meio de operações de crédito, despesas correntes de R$ 248,9 bilhões.
No sábado, o presidente Jair Bolsonaro usou sua conta no Twitter para pedir a “aprovação urgente” do crédito suplementar.
Na quinta-feira (13) é esperada a apresentação do parecer do relator da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados. O relator Samuel Moreira (PSDB-SP), afirmou que apresentará seu parecer na quinta-feira, depois de conversar com governadores.
O encontro com governadores deve acontecer amanhã, e será realizado depois de Moreira ter intensificado as articulações com a equipe econômica e líderes partidários durante o fim de semana.
"A notícia envolvendo o vazamento das conversas de Moro e Deltan pode bagunçar muito o xadrez político, mas neste momento eu não acredito que isso inviabiliza e/ou legitimiza a reforma da previdência. Contudo, esse assunto pode perder o foco no curto prazo - e aquele 'sonho' de aprová-la antes do recesso da Câmara deve ficar só no sonho mesmo", alerta Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos.
Mercados internacionais
As bolsas estrangeiras refletem o bom humor dos investidores após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar, na noite desta sexta-feira (7), que decidiu suspender a imposição de tarifas sobre as importações do México.
Trump informou ter chegado a um acordo com o governo mexicano para reduzir o fluxo migratório na fronteira.
"As tarifas programadas para entrar em vigor na segunda-feira (10) contra o México ficam suspensas indefinidamente. Em troca, o México aceitou tomar medidas firmes para deter a maré migratória em direção à nossa fronteira sul", disse Trump no Twitter.
Diante disso, as bolsas na Europa e os índices futuros dos EUA operam em alta.
Confira aqui nossa cobertura AO VIVO da bolsa brasileira
Na China, as exportações chinesas registraram alta em maio, mas as importações caíram forte, possivelmente refletindo a fraca demanda doméstica.
As exportações da China subiram 1,1% em maio em relação ao mesmo mês do ano anterior, após terem recuado 2,7% em abril, segundo dados divulgados pela Administração Geral das Alfândegas. Economistas consultados pelo “The Wall Street Journal” previam uma queda de 4,0% nas exportações em maio.
As importações caíram 8,5% em maio em relação ao mesmo mês do ano anterior, após alta de 4% em abril. A pesquisa do “The Wall Street Journal” previa uma queda menos acentuada nas importações chinesas, de 4%.
As bolsas na Ásia encerraram em alta.
O índice Nikkei, referência da Bolsa de Tóquio, fechou em alta de 1,20%. Na China, o Xangai Composto subiu 0,86%, enquanto em Shenzhen, o índice de referência subiu 1,33%. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu 2,27%, e em Seul, o Kospi avançou 1,31%.
Os preços do petróleo operam perto da estabilidade e o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, na China, salta 3,18%.
Agenda
A agenda de indicadores é fraca nesta segunda-feira. Destaque para dados dos EUA.
O Departamento do Trabalho dos EUA divulga às 11h (de Brasília) a pesquisa de oferta de vagas de emprego na economia em abril. No fim de abril, o número de vagas abertas somava 7,488 milhões.
Empresas
A Hapvida fechou no último sábado a compra da empresa Plano América, de Goiás, por R$ 426 milhões, fortalecendo sua presença na região Centro-Oeste.
A BR Distribuidora divulgou na sexta-feira que apresentou o pedido de registro de oferta secundária de ações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que deve movimentar cerca de R$ 9 bilhões, considerando o atual valor de mercado da empresa, de R$ 28,9 bilhões. A operação visa reduzir a participação Petrobras, que atualmente detém uma fatia de 71,25% na distribuidora. A expectativa é de que sua participação caia para até 40%.
Por Weruska Goeking, Valor Investe — São Paulo
10/06/2019 07h42 Atualizado há 14 minutos