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GSI muda procedimentos e até Bolsonaro passa por raio-X
Diversas
Publicado em 06/07/2019

GSI muda procedimentos e até Bolsonaro passa por raio-X

 

Ajustes aconteceram depois de militar ter sido preso com 39 quilos de cocaína na bagagem

 

BRASÍLIA - O Gabinete do Segurança Institucional (GSI), comandado pelo ministro Augusto Heleno, está implementando ajustes nos procedimentos de viagens após a prisão do militar da Aeronáutica que integrava a equipe de apoio à comitiva presidencial, na semana passada. De agora em diante, além de toda a tripulação e equipe, até mesmo o presidente Jair Bolsonaro terá de passar pelo detector de metais e raio-x antes de embarcar no avião da Presidência.

Comandado por Augusto Heleno, o GSI sofreu críticas do vereador Carlos Bolsonaro na internet Foto: Jorge William / Agência O Globo

Comandado por Augusto Heleno, o GSI sofreu críticas do vereador Carlos Bolsonaro na internet Foto: Jorge William / Agência O Globo

 

O novo método de segurança foi utilizado pela primeira vez na última quarta-feira, antes da ida de Bolsonaro a São Paulo, onde ele participou de uma evento no Comando Militar do Sudeste. Anteriormente, somente as bagagens despachadas passavam pelo raio-x e pelo critério de amostragem(técnica em que a checagem é feita em apenas algumas pessoas, aleatoriamente). Agora, a fiscalização ampla de malas e passageiros será realizada sem exceção.

 

O aumento do rigor no procedimento foi confirmado ao GLOBO por três fontes do Palácio do Planalto. Os ajustes ocorreram uma semana depois de o segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos, ter sido preso com 39 quilos de cocaína na bagagem de mão em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), em Sevilha, na Espanha.  Ele participava de uma missão precursora para a viagem de Jair Bolsonaro ao Japão, onde ocorreu a reunião do G-20, o grupo de países mais ricos do mundo.

 

De acordo com uma integrante da comitiva presidencial, todos os cerca de 30 passageiros tiveram de passar pelos novos procedimentos de segurança na última quarta-feira. Bolsonaro, segundo relataram duas fontes, teria pedido para também ser submetido à checagem.

 

 

O GSI prepara para o final da próxima semana uma apresentação detalhada de como são realizados os procedimentos de segurança do presidente. A demonstração será feita para jornalistas que cobrem o Palácio do Planalto.

 

Os ajustes na segurança ocorren ainda depois de um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, ter criticado publicamente o GSI. Apesar de incomodada, a ala militar do governo evita fazer comentários e não relaciona a mudança dos procedimentos às manifestações do parlamentar.

 

No Twitter, na segunda-feira, Carlos afirmou que os homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estão subordinados a algo "em que ele não acredita". Três dias depois, voltou a se pronunciar quando um empresário se matou na frente do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e do governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, durante um evento em Aracaju (SE). "Mais uma falha de segurança. Seria bom a segurança do Presidente ficar mais atenta", escreveu o vereador.

 

Prisão de militar foi alerta, diz Heleno

Em entrevista ao vivo nesta sexta-feira para o programa Estúdio I, da GloboNews, o ministro Augusto Heleno afirmou que a prisão do segundo-sargento da Aeronáutica serviu como um alerta.

 

— Isso aí foi um alerta: olha, não dá pra confiar. Tem que realmente fiscalizar tudo — declarou o ministro.

 

 

Heleno ressaltou que a própria Força Aérea e o Ministério da Defesa já anunciaram que irão aperfeiçoar a checagem. Ele afirmou, no entanto, que não sabe e não tem meios para dizer se a mala com os 39 quilos de cocaína passou pelo raio-x, repetindo que o ministério que chefia não era responsável no episódio.O ministro afirmou que o segundo-sargento cometeu um ato muito grave, classificado por ele como um "crime de lesa-pátria". Heleno ainda disse que um comissário como Silva Rodrigues "chega muito antes até da tripulação, porque eles recebem a comissaria, que é a comida que vai para o avião, água, tudo que entra no avião fora bagagem de passageiro".

 

— Então é natural que no momento que eles chegam à Base Aérea, ainda não esteja acionado o dispositivo do raio-x. E como são muito antigos — e podem pegar que todas as referências a esse sargento é que ele tinha um comportamento exemplar —, nós já conversamos que isto não pode mais acontecer. Não pode haver esse tipo de confiança — disse Heleno.

 

O responsável pelo GSI salientou novamente acreditar que Silva Rodrigues contou com a antecedência a seu favor:

 

 

— Mas eu acredito que, no caso, isso tenha acontecido pelo tempo que ele tinha e pelo fato de eles normalmente chegarem muito antes de o dispositivo estar instalado. Eles tinham acesso à aeronave sem esse rigor de passar tudo que chegava na aeronave nesse raio-x — acrescentou.

 

Jussara Soares e Gustavo Maia

05/07/2019 - 17:51 / Atualizado em 05/07/2019 - 18:39

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