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Muito além dos 5 a 4: duelo entre Cruzeiro e Internacional cheira a mata-mata e terá embate inédito
Esporte
Publicado em 07/08/2019

Muito além dos 5 a 4: duelo entre Cruzeiro e Internacional cheira a mata-mata e terá embate inédito

 

Decisão de Brasileirão, jogo memorável na Libertadores... Com histórico recheado de decisões, duelo Raposa x Colorado terá primeiro embate pela Copa do Brasil

 

Muito além dos 5 a 4: duelo entre Cruzeiro e Internacional cheira a mata-mata e terá embate inédito

 Muito além dos 5 a 4: duelo entre Cruzeiro e Internacional cheira a mata-mata e terá embate inédito Muito além dos 5 a 4: duelo entre Cruzeiro e Internacional cheira a mata-mata e terá embate inédito

 

Dois clubes que se orgulham de ter conquistado "Tríplices Coroas" escreverão um capítulo inédito de um histórico de confrontos com cheiro de mata-mata. Nesta quarta-feira, o Cruzeiro recebe o Internacional pela semifinal da Copa do Brasil 2019, no Mineirão. É o jogo de ida entre adversários que já protagonizaram final e semifinal de Campeonato Brasileiro, duelo mágico de Copa Libertadores, embate na Copa Sul-Americana e também na Copa Sul-Minas. Pela primeira vez, se enfrentarão no maior torneio eliminatório do Brasil.

 

 

O jogo entre Cruzeiro e Internacional terá transmissão ao vivo da TV Globo e do GloboEsporte.com para todo o Brasil, com narração de Luis Roberto e comentários de Júnior e Casagrande. O SporTV também transmite ao vivo para todo o Brasil, com narração de Rogério Correa e comentários de Lédio Carmona e Grafite. O GloboEsporte.com ainda transmite ao vivo as entrevistas de técnicos e jogadores dos clubes após a partida

 

As cores azul e vermelho são marcantes para o Estádio Mineirão, palco da partida desta quarta, às 21h30. Em março de 1976, aconteceu o duelo entre colorados e celestes, que pode ser considerado um dos mais bonitos da história do Gigante da Pampulha.

 

Dois timaços vindos de uma disputa de final do Brasileirão do ano anterior - o famoso gol iluminado de Figueiroa -, que se reencontraram pela primeira fase da Libertadores: resultado final de 5x4 para o Cruzeiro de Joãozinho, Palhinha e Jairzinho. Um show particular do primeiro, ponta-esquerda, e do segundo, a lenda, fez o Inter trocar o lateral-direito no intervalo, tamanho o baile do "Bailarino".

 

O GloboEsporte.com relembra os grandes duelos protagonizados por Cruzeiro e Inter desde os tempos em que a Seleção Brasileira era composta por jogadores domésticos, que a Libertadores tinha jogo de fase de grupos no domingo e que o Campeonato Brasileiro tinha outros nomes. Um confronto equilibrado, com 29 vitórias celestes, 30 triunfos colorados, 23 empates e exatamente 105 gols marcados por cada lado. E tudo começou em 1962, justamente num encontro de mata-mata nacional pela Taça Brasil daquele ano.

 

O começo

Em uma época na qual Mineirão e Beira-Rio eram apenas projeto em papel, Internacional e Cruzeiro se digladiaram pela primeira vez em 1962, pela Taça Brasil. Confrontos no velho Independência e no extinto Olímpico. O jogo foi pelas quartas de final da última fase do torneio e reunia os campeões mineiro e gaúcho. Melhor para o Colorado, que empatou a ida, em BH, por 1 a 1, e venceu a volta, em Porto Alegre, por 2 a 1.

 

Depois, o Inter enfrentaria o Botafogo de Garrincha e Nilton Santos na semifinal, perdendo a chance de fazer a final com o Santos de Pelé. Algo que o Cruzeiro, em 1966, não só atingiria como derrotaria o time do Rei do Futebol.

 

A luz

Na década de 1960, Cruzeiro e Inter ainda fariam confrontos pela Taça de Prata (Roberto Gomes Pedrosa) nos anos de 1967, 1968, 1969 e 1970, com três vitórias coloradas e um triunfo celeste - o Cruzeiro venceu em 1969 e acabou sendo vice-campeão nacional, perdendo no saldo de gols para o Palmeiras.

 

Mas o melhor estava por vir, na década seguinte. No Cruzeiro, saía o brilhantismo de Tostão - aposentado precocemente - e chegava a geração de Nelinho e Palhinha. O Internacional, por sua vez, montava o esquadrão encabeçado por Falcão, que tinha oito taças do Gaúcho empilhadas consecutivamente.

Final do Campeonato Brasileiro de 1975 entre Inter e Cruzeiro — Foto: Alfredo Mathias, Agencia RBS

Final do Campeonato Brasileiro de 1975 entre Inter e Cruzeiro — Foto: Alfredo Mathias, Agencia RBS Final do Campeonato Brasileiro de 1975 entre Inter e Cruzeiro — Foto: Alfredo Mathias, Agencia RBS

Final do Campeonato Brasileiro de 1975 entre Inter e Cruzeiro — Foto: Alfredo Mathias, Agencia RBS

 

No Brasileirão de 1975, o Cruzeiro chegou de um amargo vice-campeonato do ano anterior, para o Vasco - naquela edição, o Internacional terminou em quarto. Em 75, ambos se classificaram como segundo colocados dos Grupos A e B da terceira fase e foram para as semifinais. A Raposa venceu o Santa Cruz no Arruda por 3 a 2, e o Inter despachou o Fluminense, de Rivellino, no Maracanã.

 

Era a final do Brasileirão que daria o primeiro título nacional do Colorado. Num Beira-Rio abarrotado, com mais de 80 mil pessoas, havia apenas um feche de luz no gramado. E justo nele o zagueiro Elías Figueroa subiu para cabecear no fundo da rede de Raul Plasmann e dar o troféu ao Inter (veja abaixo). Aquele jogo ficou famoso pelos duelos entre Nelinho e Manga, com o lendário goleiro se desdobrando para defender os chutes venenosos do lateral-direito.

Rafael Sóbis, que voltou ao Inter depois de defender o Cruzeiro, foi autor do gol na última vitória colorada no Mineirão — Foto: Eduardo Deconto

Figueroa relembra gol da final de 1975 dentro do Beira-Rio

 

O ápice

O Inter era o campeão nacional, e o Cruzeiro tinha que engolir em seco mais um vice. Os dois foram para a Libertadores de 1976 e ficaram no mesmo grupo, ao lado dos paraguaios Olimpia e Sportivo Luqueño. A estreia logo colocou os dois times brasileiros frente a frente. Desfile de craques em um domingo, 7 de março, no Mineirão. Um dia inesquecível para o futebol, com vacilos de "Don Elías", autuação de gala de Joãozinho e a lembrança nas palavras de Palhinha (em depoimento ao Cruzeiro em 2016), autor de dois gols naquele confronto, expulso por agredir Figueroa. Nelinho também comentou sobre a rivalidade entre os dois times (assista abaixo).

 

- O torcedor do Cruzeiro jamais se esqueceu dessa partida. Foi talvez a partida mais bonita e espetacular que teve no Mineirão. E eu tive a felicidade de participar daquela partida, onde conseguimos o resultado de 5 a 4. Eu fiz dois gols, quando estava 3 a 1 eu tentei revidar uma cotovelada que o Figueroa tinha me dado em Porto Alegre e acabei sendo expulso. Quem desequilibrou aquele jogo foi o Joãozinho.

 

Nelinho comenta sobre rivalidade de 40 anos entre Internacional e Cruzeiro

 

O Cruzeiro ainda venceria o Inter, na fase de grupos, por 2 a 0, no Beira-Rio, com Joãozinho e Jairzinho, aquele mesmo Furacão da Copa de 1970, marcando os gols. Joãozinho faria fama nacional nestes confrontos e seria chamado para defender a Seleção Brasileira. Ele virou protagonista da Raposa ao marcar o gol do título do Cruzeiro naquela Libertadores 1976 contra o River Plate. Na competição do ano seguinte, campeão, o Cruzeiro entrou direto na semifinal, que era justamente um triangular contra o Internacional e a Portuguesa da Venezuela. Conseguiu eliminar os colorados outra vez e decidiu o título contra o Boca Juniors, perdendo nos pênaltis.

 

Equipe do Cruzeiro campeã da Libertadores de 1976 — Foto: Reprodução / Site Oficial do Cruzeiro  Equipe do Cruzeiro campeã da Libertadores de 1976 — Foto: Reprodução / Site Oficial do Cruzeiro 

Equipe do Cruzeiro campeã da Libertadores de 1976 — Foto: Reprodução / Site Oficial do Cruzeiro

 

Ao Inter, ficaria ainda a força para ser bicampeão brasileiro em 1976 e com qualidade para conquistar o tri, em 1979, de maneira invicta, feito ainda único. No Tri, inclusive, o Internacional venceu a Raposa de virada, por 3 a 2, no Mineirão, e foi para a semifinal do torneio para encarar o Palmeiras. Venceria o Vasco na finalíssima.

 

Copa União e Copa João Havelange

A arrancada da década seguinte (1980) seria de menos brilhantismo para colorados e cruzeirenses. Até 1987, com a Copa União no calendário dos clubes. A Raposa de Jair Pereira enfrentava o Inter de Ênio Andrade na semifinal. A expectativa é de uma final nacional entre Cruzeiro e Atlético-MG, que encarava o Flamengo na outra "perna". Os mineiros, entretanto, perderam. O time celeste sucumbiu no Mineirão com gol do Internacional na prorrogação, após um 0 a 0 no tempo normal, mesmo placar do jogo de ida, em Porto Alegre.

 

Internacional faz 1 a 0 na semifinal e elimina o Cruzeiro da Copa União de 1987

 

O Cruzeiro daria o troco 13 anos depois, em 200, desta vez na Copa João Havelange. Pelas quartas de final do torneio, a Raposa eliminou o Inter no Mineirão, vencendo por 3 a 2, após empate de 1 a 1 na ida, no Beira-Rio. Aquele jogo no Sul ficou famoso porque o ex-atacante Oséas marcou os dois gols - um a favor do Cruzeiro e outro contra, de cabeça. A equipe celeste acabaria perdendo para o Vasco de Romário na semi.

 

Por Frederico Ribeiro — de Belo Horizonte

 

07/08/2019 11h59  Atualizado há 3 horas

 

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