Petrobras não precisa 'dar dinheiro para um cara da OAB', afirma Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quarta-feira (7) a revisão dos contratos de advocacia e publicidade da Petrobras e disse que não era nem para ter sido firmado um acordo com o escritório de advocacia do presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz.
Como revelou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a empresa estatal enviou carta ao advogado comunicando que está cancelando o contrato que mantinha com ele para atuar em causas trabalhistas. No ano passado, ele venceu uma causa estimada em R$ 5 bilhões que seriam pagos como horas extras atrasadas a funcionários embarcados nas plataformas de petróleo da companhia.
Em entrevista na entrada do Palácio do Alvorada, onde mora, o presidente afirmou que a Petrobras não precisa "dar dinheiro para um cara da OAB que recebe recursos bilionários e não é auditado por ninguém". Questionado pela reportagem, ele não respondeu se a rescisão do contrato foi feita a pedido dele. "Eu havia falado já, nem era para ter esse contrato. Não é porque era ele, é porque a Petrobras não precisa disso: dar dinheiro para um cara da OAB que recebe recursos bilionários e não é auditado por ninguém."
O cancelamento ocorreu na semana seguinte ao presidente ter atacado o advogado, cujo pai desapareceu durante a ditadura militar. Ao reclamar que a entidade tinha entrado com uma ação para impedir a quebra do sigilo telefônico do defensor de Adélio Bispo, que o esfaqueou na campanha eleitoral do ano passado, o presidente afirmou que, se Santa Cruz quisesse saber como o pai, Fernando Santa Cruz, desapareceu durante a ditadura militar, poderia contar.
Depois, ao contrariar todos os dados oficiais sobre o caso, Bolsonaro afirmou que Fernando Santa Cruz foi morto por militantes de esquerda. Nesta quarta-feira, Bolsonaro ressaltou que o contrato de advocacia não era necessário e que tudo será "visto e revisado". Ele citou, por exemplo, um acordo de publicidade fechado pela estatal com a montadora britânica McLaren de cerca de R$ 600 milhões em cinco anos.
"Posso falar para você, não tem que esconder nada não: é qualquer contrato com qualquer empresa que tem de ser visto e revisado. Esse contrato é antigo, de alguns anos, não precisa disso", afirmou. "É muita coisa para ser revista", acrescentou. Após a rescisão do contrato, Santa Cruz disse que ingressará com pedido judicial de reparação de danos e afirmou que tem sofrido uma clara "perseguição política". A Petrobras não quis comentar o caso.
por Gustavo Uribe | Folhapress