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Por acordo Mercosul-UE, Bolsonaro nega ruptura com Argentina, mas ataca kirchnerismo
Política
Publicado em 13/08/2019

 

Por acordo Mercosul-UE, Bolsonaro nega ruptura com Argentina, mas ataca kirchnerismo

 

Em meio a preocupações sobre o futuro do acordo entre Mercosul e União Europeia, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que não pretende romper com os argentinos mesmo se Maurício Macri for derrotado nas eleições de outubro.

 

O governo brasileiro teme que o candidato Alberto Fernández cumpra a promessa de, se vencer o pleito, romper o acordo recém-firmado entre Mercosul e União Europeia.  "A gente vai ver como é que fica a situação [entre os dois países]. Ninguém quer... Eu [não quero] romper unilateralmente [a relação]. Mas ele mesmo, o candidato [Alberto Fernández], cujo partido ganhou as prévias, falou que quer rever o Mercosul. O primeiro sinalizador é de que vai ser uma situação bastante conflituosa", afirmou Bolsonaro ao ser questionado sobre como ficam as relações entre Brasil e Argentina. 

 

Segundo ele, o desejo de seu governo é ter "integração e prosperidade" com a Argentina. A declaração foi feita pelo presidente ao chegar a Brasília após viagem ao Rio Grande do Sul, onde inaugurou 47 km de duplicação da rodovia BR-116.  Na Argentina, a chapa de oposição liderada por Alberto Fernández, que tem a ex-mandatária Cristina Kirchner como vice, venceu com larga vantagem as primárias presidenciais no domingo (11). A eleição ocorre em 27 de outubro.

 

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse nesta segunda que Bolsonaro está preocupado com o retorno do kirchnerismo. "O presidente também já tem declarado o seu receio de que possam existir retrocessos no recém-assinado acordo do Mercosul com a União Europeia caso o candidato Alberto Fernández vença as eleições."

 

A derrota ocorre menos de dois meses depois de o Mercosul -bloco do qual Argentina e Brasil são membros- ter firmado um acordo comercial com a União Europeia, pondo fim a mais de 20 anos de negociações. A situação política do país vizinho gerou o temor de que o tratado possa ser rompido se o cenário das prévias for confirmado em outubro. No início de julho, Fernández falou que poderia suspendê-lo se for eleito. 

 

Questionado se via uma forma de ajudar Macri, Bolsonaro não respondeu se vê saída, mas se mostrou preocupado. "Não é ajudar o Macri ou não ajudar, você pode ver, o próprio dólar, acho que subiu 10% se não me engano, a bolsa... Os juros também foram lá para cima. O sinalizador está aí. Um país com esses números, a tendência é o quê? Se transformar numa nova Venezuela. E nós não queremos o mal para nossos irmãos aqui no Sul."

 

Em junho, quando participou do encontro do G20 no Japão, Bolsonaro chegou a propor para o presidente americano, Donald Trump, uma visita à Argentina em demonstração de apoio a Macri. Ele tem defendido que os presidentes alinhados a uma política econômica mais liberal e de posicionamento ideológico à direita se unam para tentar evitar a volta do kirchnerismo.

 

Neste sentido, disse que a sinalização de Fernández não é de se aproximar desse grupo, lembrando que o candidato à Casa Rosada foi a Curitiba para visitar o ex-presidente Lula na prisão.  "Está dando sinalizações mais do que precisas, concretas, de que não quer se alinhar com aquilo que no momento nos alinhamos, com Macri, com Marito [Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai] e com o presidente do Uruguai [Tabaré Vázquez] também."

 

Bolsonaro repetiu o que disse na manhã desta segunda-feira no Rio Grande do Sul, que o estado poderia se transformar em Roraima caso a chapa liderada por Fernandéz vença as eleições. "Se realmente for essa a política de Cristina Kirchner, mesmo como vice, ligada ao Foro de São Paulo, ligada a Chávez no passado, a Maduro, a Fidel Castro que se foi. Ligada ao que há de pior aqui na América Latina, a tendência é que pode acontecer de a desgraça e o caos se instalarem na Argentina e termos um problema de entrada de argentinos no Brasil como vem acontecendo na Venezuela em relação a Roraima."

 

Roraima vem recebendo número crescente de venezuelanos que fogem do país em função da crise econômica e política que se arrasta desde 2015 e não dá sinais de arrefecimento. Existem mais de 30 mil cidadãos do país vizinho vivendo em Roraima, um estado de 576 mil habitantes, de acordo com o IBGE. O governo diz que o estado abriga ao menos 40 mil venezuelanos. 

 

"Povo gaúcho, se essa esquerdalha voltar aqui na Argentina, nós poderemos ter no Rio Grande do Sul um novo estado de Roraima", disse ao público de convidados e apoiadores no Rio Grande do Sul. "Vocês [gaúchos] podem correr o risco de, ao ter uma catástrofe econômica lá, como teve na Venezuela, ter uma invasão da Argentina aqui. Não queremos isso para nossos irmãos", afirmou, ao ser questionado por jornalistas ao final do evento.

por Talita Fernandes | Folhapress

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