Andrés fala em atraso com a Caixa mas descarta perder o estádio
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, afirma não querer acreditar em perseguição política na decisão da Caixa de executar a dívida do clube com o banco pelo financiamento do Itaquerão. Em entrevista nesta sexta (13), ele confirmou que os pagamentos das parcelas estão em atraso. Mas ele diz não haver chance de a instituição financeira assumir o controle da arena.
"Não quero acreditar em perseguição política, são pessoas sérias, é uma Caixa", disse o mandatário. "O Corinthians nunca negou a dívida, nunca deixou de pagar. Tinha um acordo com a Caixa, [no qual] quatro meses pagava menos, e oito mais. Estamos cumprindo. Se for esse acordo, devemos dois meses. Se for o outro, é desde abril", acrescentou.
O cartola disse, ainda, não temer perder o controle do estádio. "Não vamos perder estádio, não deixamos de pagar, não vão tomar nada."
Na quinta-feira (12), o Corinthians recebeu um notificação judicial da Caixa Econômica Federal informando a execução de uma dívida no valor de R$ 500 milhões pela obra do Itaquerão (veja aqui). O banco alega que clube não está cumprindo os termos do contrato de financiamento para a construção da arena utilizada na abertura da Copa do Mundo de 2014.
A reportagem apurou que o empréstimo tem quatro garantias oferecidas por Corinthians e Odebrecht Participações e investimentos (OPI), cotistas do fundo responsável pela Arena. A primeira é apoiada no patrimônio da OPI, companhia que pertence à holding da Odebrecht, esta em recuperação judicial -razão pela qual a garantia não é mais válida. As três seguintes são de responsabilidade do clube. Pela ordem: as receitas do estádio, as cotas do fundo que administra o Itaquerão e a hipoteca do Parque São Jorge.
O empréstimo foi feito pelo BNDES, mas repassado ao clube paulista pela Caixa. A previsão era que a dívida teria de ser quitada até 2028.
O contrato vigente prevê 12 parcelas de R$ 6 milhões. Enquanto negociava, o clube passou a pagar as mensalidades com o cenário previsto no novo acordo, que não foi aceito pela Caixa, com desconto em quatro meses.
"Como em qualquer caso, estamos 100% abertos para uma renegociação. Se houver uma discussão de novo, podemos interromper a execução", afirmou à reportagem o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães.
Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez uma brincadeira antes de uma partida do clube alvinegro contra o Palmeiras, na arena. Na ocasião, ele disse que tomaria o estádio em Itaquera em caso de derrota da equipe palmeirense.
"Não teremos feijoada hoje à noite. A porcada vai tá feliz hoje à noite, tenho certeza disso. Se der o contrário, é bom não zoar, senão posso pegar o Itaquerão pra nós. Falou? É brincadeira", afirmou Bolsonaro, torcedor palmeirense
por Alex Sabino e Luciano Trindade | Folhapress