Presidente palestino diz que vai cortar relações com Israel e EUA
Mahmoud Abbas afirmou que o plano americano é "uma violação dos acordos de Oslo"
CAIRO - O presidente palestino, Mahmoud Abbas, anunciou neste sábado a ruptura de "todas as suas relações", incluindo a cooperação na área de segurança, com Israel e Estados Unidos, poucos dias depois da apresentação do plano do presidente dos Estados Unidos,
Durante uma reunião de emergência da Liga Árabe no Egito, Abbas afirmou que o plano americano, divulgado na terça-feira, é "uma violação dos acordos de Oslo", que israelenses e palestinos assinaram em 1993.
— Israel deve assumir suas responsabilidades como potência ocupante dos territórios palestinos — completou Abbas.
A Liga Árabe anunciou que rejeita o plano de resolver o conflito israelense-palestino anunciado por Trump, com o argumento de que é "injusto" para os palestinos.
A organização, que reuniu ministros das Relações Exteriores no Cairo neste sábado, disse em comunicado que "rejeita o 'acordo do século entre EUA e Israel", pois não respeita os direitos ou aspirações fundamentais do povo palestino". O documento também anunciou que os líderes árabes prometeram que "não vão cooperar com o governo dos EUA para implementar este plano".
Na última terça-feira, Trump — ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu — divulgou o seu plano de paz para o Oriente Médio, desenvolvido sob a supervisão do seu genro e conselheiro, Jared
Kushner, ao longo de mais de dois anos. O plano, favorável aos pleitos israelenses, reduz substancialmente o território de um futuro Estado palestino em relação à Linha Verde, a fronteira anterior à Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel ocupou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.
O plano de Trump garantiria a Israel o controle de Jerusalém, que seria, segundo o presidente, "a capital indivisível" do Estado israelense. Apesar disso, prevê uma capital palestina em "áreas" do setor oriental de Jerusalém, onde, segundo Trump, "os EUA orgulhosamente abrirão sua embaixada". Ainda não está claro o que são essas "áreas", mas Netanyahu indicou tratar-se de Abu Dis, uma pequena aldeia da Cisjordânia contígua — mas fora — de Jerusalém Oriental, onde estão situados vários escritórios palestinos relacionados à cidade.
Dois dias após o anúncio do plano de paz, chamado por Donald Trump de "acordo do século", um dos principais conselheiros do presidente para a região pediu calma ao governo israelense. Em entrevista a um canal ligado à consultoria de risco Eurasia, Jared Kushner defendeu que qualquer plano relacionado à anexação de assentamentos judaicos na Cisjordânia deve ser adiado pelo menos até depois das eleições gerais, marcadas para o dia 2 de março.
DDa AFP
01/02/2020 - 10:11 / Atualizado em 01/02/2020 - 11:28
onald Trump, para a região.