RIO — A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vai receber, nos próximos dias, ao menos dois pedidos de impeachment do governador Wilson Witzel (PSC). Já há um entendimento informal na cúpula da Casa que um dos requerimentos será aceito e o processo seguirá para o plenário. As informações foram divulgadas pela colunista Berenice Seara, do Extra, e confirmadas pelo GLOBO. Ao GLOBO, o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), evitou dizer se aceitará a instauração do processo de impeachment, alegando que só poderá se pronunciar quando ler o ofício, mas afirmou que, diante das denúncias, a Assembleia "não vai ficar inerte".
— A Alerj renovou 36 dos 70 deputados. O estado já passou por um período difícil, no qual a população sofreu. A Alerj não vai ficar inerte (quanto às denúncias envolvendo o governo Witzel), mas também não vai entrar em clima de guerra política — disse Ceciliano.
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O governador foi alvo, nesta terça-feira, da Operação Placebo, da Polícia Federal, que apurava indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência em razão da pandemia do novo coronavírus.
Doze mandados de busca e apreensão foram cumpridos por 15 equipes, sendo dez na capital fluminense e dois na cidade de São Paulo. Os mandados foram expedidos pelo ministro Benedito Gonçalves do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Witzel acompanhou as buscas o tempo todo no Palácio das Laranjeiras e divulgou uma nota oficial para negar qualquer participação em esquema de desvios.
Um dos pedidos de impeachment será feito pelo ex-líder do PSL Doutor Serginho. O outro, partirá do decano da Casa, Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), que começou a preparar o texto nesta terça-feira.
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— O fundamento está na própria exposição de motivos do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Estão listados indícios muito robustos de que o governador está envolvido em crime de responsabilidade, e quem diz isso é o ministro Benedito Gonçalves, do STJ. É crime de responsabilidade deixar os recursos públicos se esvaírem, por ação ou inação — diz o decano.
Hoje, já existem três pedidos de impeachment de Witzel na mesa diretora da Alerj. Um deles foi apresentado em fevereiro por sete deputados ligados ao presidente Jair Bolsonaro. Nenhum deles era fundamente com as informações reveladas hoje pela operação da PF.