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Com vaga em Tóquio, Ana Marcela se diz otimista: 'Será a Olimpíada da esperança'
Esporte
Publicado em 06/02/2021

Com vaga em Tóquio, Ana Marcela se diz otimista: 'Será a Olimpíada da esperança'

 

 

 

Classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio, Ana Marcela Cunha segue a todo vapor subindo aos pódios enquanto treina para ir ao Japão. Com treinos intensos durante a pandemia e participando de alguns dos primeiros eventos da maratona aquática desde o retorno das competições, a atleta baiana já está com foco no dia 3 de agosto e sua chance de ganhar a primeira medalha olímpica. 

 

O Bahia Notícias entrou em contato com Ana Marcela, seis vezes eleita melhor maratonista aquática do mundo, e conversou com ela sobre como está sua rotina nos últimos meses e as expectativas para conseguir o sonhado título das Olimpíadas na edição que acontecerá este ano. 

 

“2020 foi um período complicado, mas não parei de treinar nenhum dia. Tivemos de inventar treinos fora da água, o COB me emprestou um aparelho de última geração chamado VAZA que instalei na varanda do apartamento e com ele eu e meu técnico simulamos situações de nado, consegui superar o pior momento de isolamento. Quando voltaram as competições, pude entrar na disputa e ir ao pódio em todas elas, mesmo sabendo que algumas das minhas adversárias estrangeiras não tinham parado de treinar na água. Foi um bom teste”, declarou a maratonista aquática.

 

Em setembro do ano passado, a nadadora voltou às provas com a Travessia de Capri-Napoli, na Itália, de 36 km, e terminou em segundo lugar, por apenas um segundo de diferença da campeã. A competição levou mais de seis horas nadando em mar aberto e de forma acirrada com a italiana Arianna Bridi, que conseguiu a primeira posição. 

 

Atualmente treinando em Serra Nevada, na Espanha, Ana Marcela contou que está seguindo as atividades rigorosamente para manter o ritmo e se preparando gradualmente para a competição no meio ano, quando for a hora de disputar a maratona aquática em Tóquio.

 

“Estamos cumprindo à risca o planejamento macro, cada etapa é muito importante que seja 200% bem feita, o treino em altitude é uma dessas etapas. Estou bem, treinando duro todos os dias, tudo caminhando nos conformes, um passo de cada vez”, explicou a baiana.

 

 

 

Ana Marcela garantiu sua passagem para os Jogos Olímpicos em 2019, na prova de 10km do Mundial de Maratona Aquática, realizado em Gwangju, na Coreia do Sul. A baiana terminou na quinta colocação e garantiu uma das vagas na próxima edição dos Jogos Olímpicos. No mesmo evento, ela subiu ao pódio para receber dois ouros no Mundial, pelas provas de 5km e 25km. Com estes dois últimos feitos, a nadadora somou na carreira onze medalhas em mundiais, tornando-se recordista de pódios na história da maratona aquática. 

 

 

 

 

Com grande parte dos eventos esportivos, incluindo os classificatórios para os Jogos Olímpicos, adiados devido a pandemia, Ana Marcela é a única brasileira da modalidade com vaga garantida até agora. Mas a atleta destaca que pode ter companhia de outros baianos nos desportos aquáticos a depender dos resultados das eliminatórias. 

 

“Acredito muito na classificação de Allan do Carmo, que está treinando comigo, e torço também pelo Victor Colonese. Quem sabe, saem dois baianos na seletiva nacional marcada para 6 de março em Salvador! Os dois classificados irão disputar a vaga única por país na seletiva olímpica”, comentou. 

 

Sobre a realização das Olimpíadas este ano, enquanto o mundo ainda enfrenta a pandemia, Ana Marcela está focada em sua prova e otimista na realização do evento com segurança. “Tenho certeza da realização dos Jogos de Tóquio em 2021. Minha prova está marcada para 3 de agosto, este é meu foco. Talvez não tenhamos público estrangeiro, mas todas as medidas estão sendo bem estudadas para garantir os Jogos com segurança. Será a Olimpíada da Esperança por um mundo melhor”, pontuou a atleta.

 

O FUTURO DA MARATONA AQUÁTICA

Com uma longa experiência na maratona aquática, nadando em mundiais desde os 15 anos e participando de Olimpíadas desde os 16, a medalha olímpica ainda é uma meta na enorme coleção da baiana. Mas os sonhos na modalidade não param somente em conquistas internacionais. 

 

 

“Sem dúvida vamos em busca dessa medalha que falta, mas temos outras metas tão ou mais importantes, como por exemplo nosso Projeto

 

 

Sucessores Aquáticos, que tem duas vertentes incríveis, o Circuito Nadar Pelo Brasil e a Escola de Maratona Aquática. Iniciamos as primeiras ações da Escola este ano, é o legado que vamos construir e deixar como agradecimento por tudo de bom que tenho vivido com a maratona aquática. Quero fazer muitas pessoas aprenderem a nadar e com isso evitar afogamentos, é nossa meta permanente”, explicou.

 

 

O Projeto Sucessores Aquáticos foi criado por Ana Marcela e seu treinador Fernando Possenti, que lança a metodologia Possenti&Cunha, criada pelo técnico. Com ela, a dupla pretende popularizar a modalidade da maratona aquática. Além disso, o projeto também organizará competições, como o Circuito Nadar Pelo Brasil, citado pela atleta, que seguirá as regras das provas da Federação Internacional de Natação (Fina). A baiana pretende participar de alguns dos eventos do Sucessores Aquáticos, quando seu calendário permitir. 

 

 

 

 

 

 

 

Relembrando o início da carreira, incentivada pela família de atletas, Ana Marcela encerrou a entrevista falando do apoio dos pais, que seguem ajudando ela no dia a dia mesmo depois de ter deixado a Bahia para conquistar o mundo.   

 


“Meus pais foram atletas, minha mãe foi ginasta e como meu pai foi nadador pôde ajudar muito nas 'dobras' de treinos, mas ele seguia rigorosamente as orientações do técnico Luis Menezes 'baixinho', já falecido. Foi uma grande ajuda na época porque morávamos em Lauro de Freitas e não dava para ir treinar em Salvador duas vezes por dia, aí as 'dobras' eram feitas em Lauro mesmo. Meus pais continuam comigo nessa jornada, são meus gestores de carreira, resolvem tudo enquanto eu me dedico aos treinos e competições. Sou privilegiada neste sentido”, finalizou a maratonista.

por Milena Lopes

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