Covid-19: infectologista da FioCruz afirma que dose em idosos “é para ontem”
O médico infectologista Julio Croda, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirmou que a aplicação da 3ª dose da vacina contra a covid em idosos já deveria estar acontecendo. Segundo ele, com a circulação da variante delta impacta essa faixa etária e é necessário mudar a estratégia e aplicar o reforço.
“A questão da idade é para ontem, porque já estamos vendo um aumento de hospitalizações em alguns estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, com a chegada da delta, principalmente nessa faixa etária”, afirmou Croda.
O infectologista afirma que é necessário observar também as pessoas imunossuprimidas para verificar se há impacto da nova cepa nelas também.
Os brasileiros de 60 anos ou mais voltaram a ser maioria entre os mortos por covid. As internações de idosos em UTI também reverteram tendência de queda nos últimos 6 meses, e subiram para 42,1% em julho.
“Então talvez os estados que já avançaram na vacinação nos adultos acima de 18 anos, já aplicaram D1 [1ª dose] em todos acima de 18 anos, poderiam sim iniciar um esquema de reforço nos mais velhos, começando com as pessoas que completaram seu esquema vacinal há mais de 6 meses, sem nenhum impacto na campanha de vacinação dos jovens e adolescentes”, diz Croda.
Croda afirma ainda que a campanha de imunização no Brasil precisa focar nas milhões de pessoas que poderiam, mas não tomaram a 2ª dose. “É importante entender por que 7 milhões de pessoas ainda não foram tomar a segunda dose, principalmente os idosos, e buscar essas pessoas antes de avançar nos adolescentes, por exemplo.”
O infectologista afirma que a vacinação dos adolescentes é necessária para diminuir a transmissão e o risco para profissionais que trabalham com esse público. Mas diz também que “não tem sentido” priorizar os mais jovens e não pensar no reforço para os mais velhos com o número de internações crescendo.
O infectologista afirmou ainda que, com a circulação da delta – que é mais transmissível – a flexibilização das restrições e a volta de eventos não deveriam ocorrer. Das 27 unidades federativas, 7 já liberaram ou decidiram que autorizarão a volta de torcedores aos estádios de futebol durante a pandemia
“O problema é quando a flexibilização se baseia em uma conta de pessoas com D1, o que no contexto da delta muda totalmente. É preciso uma cobertura de D2 [2ª dose] muito maior, principalmente nos grupos mais vulneráveis, uma vez que somente isso irá garantir a proteção para as formas graves da doença.”