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Batalhão do Rio denunciado por Marielle é alvo de 212 inquéritos
Polícia
Publicado em 22/03/2018

Segundo ISP, o 41.º (BPM) é recordista em homicídios cometidos pela polícia no estado desde 2013

O 41º Batalhão de Polícia Militar do Rio (Irajá) - alvo de denúncia feita pela vereadora Marielle Franco (PSOL), quatro dias antes de ser assassinada - é investigado em 212 inquéritos do Ministério Público Estadual (MPE) do Rio de Janeiro, que apuram casos de homicídio. Por esse trabalho, o Grupo de Atuação Especializada (Gaesp) em Segurança Pública do órgão já denunciou 23 PMs do batalhão.

Segundo o Gaesp, as denúncias sobre supostos abusos cometidos por PMs da unidade são acompanhadas desde abril de 2016. Os crimes apurados são, na sua maioria, homicídios decorrentes de intervenção policial ou autos de resistência. Ainda segundo o Gaesp, muitos casos de difícil elucidação, porque já aconteceram há muito tempo.
Em alguns inquéritos, peritos responsáveis pelos primeiros exames já deixaram o cargo, o que dificulta a busca por informações complementares. Também há dificuldades para encontrar a família das vítimas.

O MPE informou que foi instaurado um procedimento preparatório para identificar "eventuais falhas ou excessos" e buscar alternativas para diminuir os riscos à população e aos próprios PMs. Questionadas pela reportagem sobre os processos, a Secretaria de Segurança e a Polícia Militar não responderam.


Confronto

Desde 2013, segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio, o 41.º é recordista em homicídios cometidos pela polícia no Estado entre todos os batalhões. Nos últimos dez anos, a média anual na área dos bairros atendidos pela unidade, na zona norte, foi de 57 mortes. De 2008 ao ano passado, o pico foi em 2016, quando começou o trabalho do Gaesp. Foram 92 homicídios, quase o dobro do verificado em 2015 (48). Em 2017, foram 69 registros. O Gaesp tem feito palestras para os PMs para baixar a letalidade nas ações.

Quatro dias antes de ser morta a tiros, no centro do Rio, Marielle publicou nas redes sociais denúncia sobre os homicídios de dois homens atribuídos a PMs do 41.º, no dia 5.

Uma semana antes do assassinato, a reportagem havia pedido posicionamento da PM sobre essa acusação. Na ocasião, em nota, a corporação respondeu que o batalhão havia realizado operação na comunidade no mesmo dia. Disse também que os PMs foram recebidos a tiros, mas não informou se a ação resultou em dois mortos.

 

Veja a seguir a postagem da vereadora:

 

O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a população! CHEGA de matarem nossos jovens!



Segundo a corporação, o 41.º foi acionado para duas ocorrências. A primeira no Hospital do Acari, onde uma pessoa morreu após ser ferida por arma de fogo, e a outra para ir de encontro a um cadáver na Pavuna, ao lado de Acari. A PM confirmou a autoria das mortes.



Moradores

À reportagem, moradores contaram que as vítimas não tinham envolvimento com bandidos e que os corpos foram jogados em uma vala. Além disso, eles próprios tiveram de resgatar os cadáveres. Denunciaram ainda que, por causa da intervenção na segurança, policiais do 41.º BPM têm se sentido "livres" para cometer excessos.

PMs desse batalhão são acusados ainda de participar da chacina de Costa Barros, há dois anos. Na ocasião, cinco jovens foram mortos em um carro, que foi atingido 111 vezes. Outro episódio violento foi a morte de Maria Eduarda Alves, de 13 anos, alvejada no pátio da escola enquanto PMs do 41.º faziam operação no local, em 2017.

Nesta quarta-feira, 21, o MP reforçou - com cinco promotores - a equipe que apura o caso Marielle, e a Polícia Civil voltou ao local do crime para esclarecer dúvidas.

Um PM e um morador foram mortos, em troca de tiros entre policiais e criminosos na Favela da Rocinha na zona sul. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte- Band

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