Documentos trazem informações sobre líderes e devedores do grupo criminoso em todo o Brasil.
A Polícia Civil de São Paulo encontrou documentos com os nomes de membros do Primeiro Comando da Capital ( PCC ) espalhados pelo país. As listas foram apreendidas com um integrante da facção preso ontem em São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital. A corporação não informou, porém, a quantidade de nomes nessas documentações.
Conhecido como Beto, Gilberto Ferreira tinha a função denominada "pen-drive". Ele era responsável por gerenciar e arquivar os nomes dos membros do PCC de todo o país e daqueles que tinham dívidas com a facção. Segundo a polícia, ele recebia um salário para realizar essa função e também foi identificado como um dos fornecedores de crack em São Paulo.
Para o delegado divisionário do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Alberto Pereira Matheus Junior, esse é provavelmente um dos maiores documentos encontrados até hoje sobre o PCC.
— Tudo vai ser utilizado para embasar a atuação de órgãos de repressão não só em São Paulo, com em outros estados e pelas forças federais. Acredito que poderemos clarear dúvidas das quais nem tínhamos dimensão.
Livros branco e negro
No documento conhecido como "livro branco", constam os nomes dos integrantes e dos "padrinhos de batismo", confirmando que para fazer parte do grupo é necessário o aval de quem já integra a facção. Já no "livro negro" o nome dos devedores eram acompanhados da identificação de um "superior" que dá autorização para que ele ganhe um prazo para pagar o que deve. Segundo a investigação, entram no livro negro aqueles que anteriormente escaparam de uma ordem de execução imediata.
Segundo o delegado Carlos Batista, titular da 6ª Delegacia de Investigações sobre entorpecentes de Osasco (Dise), o criminoso usava um aparelho celular específico para coletar essas informações em todos os estados e as repassava para lideranças de São Paulo.
— Ele integrava a sexta das oito células criminosas que identificamos nessa operação. O próximo passo é identificar para qual superior ele passava essas informações.
A detenção de Beto foi um dos 35 mandados de prisão cumpridos no âmbito da operação Linhas Cruzadas, inciada há oito meses. Outra liderança presa na quinta-feira tem a função de "pé de borracha" do PCC, responsável por transportar familiares de membros da facção até os presídios.
A investigação teve início a partir do monitoramento de criminosos que atuavam no fornecimento de crack e ocorreu simultaneamente na região da capital paulista conhecida como "cracolândia", nos bairros São Miguel Paulista e Itaim Paulista, e nas cidades de Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Poá.
Fonte- O Globo