Pelo menos 13 pessoas morreram em ações policiais em três dias no Rio
Na Zona Norte, houve 8 mortes na Maré e 4 no Morro do Borel, enquanto na Zona Sul foi 1 morte na Rocinha. Total de mortes por intervenção policial no RJ é o maior nos últimos 20
Treze pessoas morreram em três dias durante operações policiais no Rio de Janeiro entre a última sexta (3) e esta segunda-feira (7). Foram oito mortes no Conjunto de Favelas da Maré e quatro no Morro do Borel, ambas comunidades na Zona Norte do Rio. Além deles, um mototaxista morreu durante uma ação na Rocinha, na Zona Sul - outras três pessoas, entre elas um policial, ficaram feridas no incidente.
Número de mortes por intervenção policial no RJ é o maior nos últimos 20 anos
Nesta segunda-feira (6), uma operação da Polícia Civil no Complexo da Maré utilizou helicópteros para sobrevoar a comunidade. Segundo a polícia, além dos oito mortos, duas pessoas foram presas, e sete fuzis e uma granada foram apreendidos.
Na Rocinha, o mototaxista Joselino Soares da Silva, de 27 anos, foi morto durante um tiroteio com a polícia na madrugada desta segunda-feira (6). Outros dois homens também foram baleados e levados para o hospital.
Na sexta-feira (3), quatro suspeitos morreram durante operação da Polícia Militar no Morro do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Após um tiroteio, os PMs relataram terem encontrado quatro homens feridos, que foram levados ao Hospital Federal do Andaraí, onde não resistiram aos ferimentos.
O G1 publicou uma reportagem na sexta-feira (3) que mostra o número de mortes por intervenção policial em 2019 como o maior nos últimos 20 anos. Foram 434 casos de janeiro a março, numa média de sete óbitos por dia. Os dados são do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP).
Witzel em ação policial
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, participou de uma operação da Polícia Civil em Angra dos Reis, na Costa Verde. De acordo com a polícia, o objetivo era “dar uma resposta à criminalidade que vem assustando os moradores”. A ação contou apenas com helicópteros, não houve equipes em terra.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (CDDHC) denunciou para a Organização dos Estados Americanos (OEA) e episódio envolvendo o governador do Rio. Na denúncia, o documento afirma que Witzel sempre disse e estimulou que era preciso “abater traficantes”, construir a “nossa Guantánamo”, e “atirar nas cabecinhas” dos criminosos.
A presidente da CDDHC, deputada Renata Souza, afirmou que as declarações do governador estimulam a violência e que a política adotada no estado tem como base “crimes contra humanidade, pena de morte e tortura, e que, por óbvio, contrariam a Constituição Federal”, segundo o documento.
13 mortos no Fallet, Santa Teresa
Entre os casos de mortes envolvendo a polícia que aconteceram no primeiro trimestre de 2019 está o tiroteio que em fevereiro deixou 13 pessoas mortas nas comunidade do Fallet-Fogueteiro, em Santa Teresa, no Centro do Rio.
De acordo com informações da Polícia Militar, suspeitos participavam de um confronto com agentes do Comando de Operações Especiais (COE). A operação contou também com homens do Bope e do Batalhão de Choque. Segundo a polícia, a ação foi para combater o tráfico de drogas.
A PM relata que as equipes foram recebidas a tiros durante o vasculhamento e houve confronto. Dois baleados foram levados ao Souza Aguiar. Em outro ponto, armas foram apreendidas.
O G1 apurou que na casa onde foram encontrados nove mortos havia pelo menos 128 perfurações. Após suspeitas levantadas por depoimentos ouvidos pela Defensoria Pública, que incluem relatos de execução, tortura e mutilação dos corpos, a Polícia Civil fez uma reconstituição da ação.
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Por G1 Rio
07/05/2019 06h00 Atualizado há 53 minutos