Em visita a SP, Obama faz palestra e se encontra com Pelé
Ex-presidente americano falou em encontro voltado a inovação digital. É a segunda vez que ele vem ao Brasil após deixar a Casa Branca.
O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama veio a São Paulo, onde participou de um evento empresarial, e se encontrou com Pelé. É a segunda vez que Obama vem ao Brasil depois que deixou a Casa Branca. A última visita tinha sido em 2017.
"Falamos sobre como trabalharmos juntos para fazer o mundo melhor. Feliz por estarmos no mesmo time", disse Pelé em sua conta no Twitter, onde publicou a foto com o ex-mandatário americano.
No evento em que deu palestra, na zona sul de São Paulo, Obama falou que se encontrou com o ex-jogador, mas não deu detalhes.
Educação
Durante o VTex Day, um encontro de negócios voltado para a inovação digital, o democrata defendeu a importância da educação.
"Dar boa educação e serviço social não é caridade, é necessidade do desenvolvimento econômico de um país. Quanto mais se investe em capital humano, mais as economias vão crescer", afirmou ele.
Na sua avaliação, é fundamental "garantir uma educação permita ao jovem analisar criticamente o mundo ao seu redor".
Obama falou sobre como a sua formação contribuiu para que ele chegasse à presidência dos Estados Unidos.
"Uma coisa que se diz quando você é bem-sucedido é que você teve sorte, mas é importante lembrar que muito poucas pessoas conseguem as coisas sozinhas. Eu tive a sorte de ter uma mãe incrível, que me dizia que eu podia ser o que eu quisesse. Também tive avós que cuidaram de mim", afirmou.
"Eu não conheci o meu pai, eu era uma das poucas crianças de ascendência africana, eu sentia que sempre tinha que provar algo. Por isso, eu sempre digo, quando você enfrenta dificuldades, use isso como um motor para trabalhar e se lembre: 'yes, we can'", lembrando o seu slogan de campanha.
Ele lembrou de duas professoras que foram marcantes em sua vida: uma com quem conviveu ainda criança no Havaí e uma da universidade.
Obama lembrou que aos 10 anos, depois de voltar do período em que viveu na Indonésia, enfrentou problemas de adaptação. Só havia duas crianças negras na escola e a professora, que tinha tido uma passagem pelo Quênia (país de origem de seu pai), fazia com que ele se "sentisse orgulhoso de ser diferente". "O grande poder de um professor é desenvolver a confiança de uma criança", afirma.
Já na universidade, uma outra professora o repreendeu quando ele reclamou de não ter se saído bem em um discurso durante uma manifestação no campus. A professora disse a ele que era preciso dar mais importância para a causa do que para sua performance, ajudando a despertar sua consciência política. "Isso foi mais importante do que aprendi em sala de aula", lembra.
Sem corrupção
Obama afirmou que durante sua administração ele procurou trazer para sua equipe pessoas que trouxessem diferentes perspectivas para o jogo".
"Trazia pessoas que discordassem, queria que tivessem mulheres à mesa, porque se sua organização só tem homens que pensam da mesma maneira vocês estão perdendo coisas que poderiam aprender".
Ao avaliar seu governo, ele elogiou a condução da economia, a implantação do seu programa de saúde, conhecido como Obamacare, e o Acordo Climático Internacional.
Quando perguntado sobre o que ele tinha mais orgulho, sem citar o seu sucessor, Donald Trump, que já teve assessores presos após chegar ao poder, ele destacou não ter tido envolvimento com corrupção.
"Em 8 anos, eu não tive escândalos de corrupção, ninguém foi preso. Cometemos erros no caminho, a administração não foi perfeita, mas mantivemos a integridade", afirmou.
Obama elogiou as filhas como já fez outras vezes. "Michelle e eu criamos duas filhas maravilhosas, inteligentes, gentis, respeitosas em um lugar um pouco estranho. Crianças que crescem tendo o pai presidente e mãe primeira-dama podem ficar um pouco malucas, mas são pessoas ótimas", brincou.
Importância do Estado
O ex-presidente afirmou que os governos, além de investir na educação, precisam investir em leis, em transparência e no combate à corrupção para incentivar o mercado.
"Eu sempre digo: fiquem felizes de pagar os seus impostos, porque é o investimento que você faz na sociedade. Vá a países que tem pouca governança! Seus contratos não são aplicáveis Às vezes, estamos tão obcecados com dinheiro, com market share, que nos esquecemos das condições que permitem que sejamos bem-sucedidos".
Obama afirmou não defender a destruição da inovação e da liberdade que vêm do mercado.
"Temos que projetar um sistema que não destrua os nossos valores. Queremos ter inovação, que é responsável pelo desenvolvimento tecnológico, mas com responsabilidade ambiental, porque não adianta ter aplicativos maravilhosos quando oceanos e florestas estão sendo devastados e não conseguimos respirar", declarou.
Tom Jobim
Perguntado sobre o que apreciava no Brasil, ele disse adorar música brasileira. "Eu escutava Tom Jobim e, quando namorava com Michelle, eu colocava para ela escutar", contou. Também destacou a diversidade como uma semelhança entre seu país e o Brasil. "O Brasil tem grande diversidade e acho que é uma força muito grande dos nossos países", destacou.
Em outubro de 2017, Obama participou de um encontro com líderes empresariais em São Paulo. Na época, ele defendeu o uso da diplomacia para a promoção da paz e comentou as relações do seu país com a Coreia do Norte.
Ele também se encontrou com jovens brasileiros e prometeu ajudar através da Fundação Obama projetos de lideranças locais.
Em 2011, o Brasil foi o primeiro país que Obama visitou após ser eleito presidente. Ele veio acompanhado pela esposa, Michelle Obama, e pelas duas filhas. Nessa ocasião, visitou Rio de Janeiro e Brasília, onde se reuniu com a então presidente, Dilma Rousseff.
Por Leticia Macedo, G1
30/05/2019 13h13 Atualizado há 2 minutos