Governador do Rio quer criar cartilha para orientar moradores de favelas sobre como agir em operações
Após o lançamento do material, previsto para este ano, governador promete “intensificar o confronto com criminosos”
RIO — O governador Wilson Witzel planeja divulgar uma cartilha que dará instruções a moradores de favelas de como agir durante operações policiais. O objetivo é reduzir os riscos de balas perdidas. Após o lançamento do material, previsto para este ano, ele promete “intensificar o confronto com criminosos”. A ideia de criar a cartilha surgiu antes da morte de Ágatha Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão, e não tem relação com o caso.
— Estamos criando um plano de segurança para a redução de danos e orientação à população. Ele vai ser lançado este ano ainda. É quando vamos intensificar o confronto com criminosos. Na Segunda Guerra, no combate ao nazismo, os ingleses iam para debaixo da terra ao toque da sirene, para que os bombardeios não atingissem a população. Poucos ingleses morreram em razão disso. Estamos elaborando uma cartilha sobre como moradores de comunidades devem proceder em caso de confronto e ocupação. As operações serão intensificadas em razão das investigações que estamos fazendo — disse Witzel, em declaração feita dias antes da morte de Ágatha.
Procurado nesta segunda-feira pelo GLOBO, o governador reafirmou sua intenção.
Uma fonte do Conselho de Segurança — integrado por policiais civis e militares, representantes do Ministério Público e do Judiciário, e pelo próprio Witzel — revela que o governo pretende fazer simulações em favelas.
— Passaremos a ter protocolos para orientar a população, com eventos simulados para que saibam como reagir durante as operações policiais. Acompanhando essas ações, vamos elaborar a cartilha para que os protocolos fiquem registrados para uso em casos de necessidade. As operações serão intensificadas no sentido de combater o narcoterrorismo nas comunidades — disse.
O governo pretende ainda colocar policiais em escolas que ficam em comunidades com a finalidade de orientar alunos e professores durante incursões. O Palácio Guanabara planeja desencadear, nos próximos meses, uma ação de inteligência que “minaria financeiramente o tráfico”.
Paulo Cappelli
24/09/2019 - 04:02 / Atualizado em 24/09/2019 - 04:05