À espera do lockdown: Salvador deve parar e Bahia pode seguir o mesmo caminho
Perdoem-me os otimistas, mas o pessimismo em meio à pandemia do novo coronavírus parece ser fundamental. E os cenários desenhados até aqui não são lá muito animadores. Por mais contraditório que possa parecer, precisamos manter a calma. Teremos terra arrasada em um futuro próximo, ainda que muita gente insista em negar o problema. Estamos agora no aguardo do lockdown, que não deve tardar a acontecer na Bahia. Infelizmente!
Os primeiros sinais de que o fechamento deve acontecer foram dados pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), durante a coletiva de imprensa para anunciar a extensão das medidas restritivas na capital baiana até o dia 18 de maio. Ao citar a possibilidade fechar bairros, isso ficou implícito. O gestor insistiu que o cenário esperado pela prefeitura é mais otimista que o moderado previsto por pesquisadores. ACM Neto não foi incisivo ao tratar da possibilidade do lockdown. Está certo, não cabe a ele gerar pânico na sociedade. Mas a curva ascendente de casos e a perspectiva de que devemos “entrar” o mês de junho com média de mais de 70 mortos por dia é assustadora. Quem pensa o contrário, talvez não tenha senso da realidade dura que bate à porta.
No mês de março, quando era questionado sobre quanto tempo Salvador passaria por medidas restritivas, eu previa, com certo grau de otimismo, uma paralisação de shoppings, academias, cinemas e outras atividades por, no mínimo, 60 dias. Como chegaremos a esse marco em breve, prefiro não exercer mais a posição de Mãe Diná. É possível que vivamos momentos de abertura e fechamento por algum tempo até que uma vacina ou um remédio esteja disponível – e acessível à população.
Ah, mas o pico de contaminação já não vai ser quando previsto originalmente, no final de maio. Que bom! Não foram as previsões que estavam erradas. Na verdade, as medidas restritivas impostas até aqui conseguiram adiar um pouco a possibilidade de colapso do sistema de saúde. Por isso, autoridades públicas já trabalham o mês de junho como provável início do momento crítico da pandemia na Bahia. Gestores como ACM Neto e o governador Rui Costa admitiram há algum tempo que é apenas questão de tempo para o quadro se agravar. Para a nossa sorte, ambos têm se mantido firmes em atrasar as cenas tristes que vimos na Itália, na Espanha, no vizinho Equador e até em cidades como Manaus.
O inferno parece logo ali. A única alternativa viável é tentar encarar tudo isso de maneira menos pessimista. Alguma fórmula aí?
por Fernando Duarte